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cronicas-->ARIGÓ -- 29/07/2006 - 11:26 (ANTONIO MIRANDA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

(RELÓGIO NÃO MARQUE AS HORAS, de Antonio Miranda. Sexta crónica da série*)



6
ARIGÓ


Arigó foi missionário à revelia. O médico Dr. Fritz apossava-se de seu corpo e realizava curas milagrosas, às centenas. Pobres e ricos faziam fila à porta de uma igreja abandonada em que praticava sua medicina clandestina. Congonhas entrara definitivamente na rota dos fenómenos parapsicológicos, mediúnicos, espiritistas. Arigó era um homem comum, não tinha sequer consciência de que suas mãos exerciam ofícios cirúrgicos instantàneos, sem os mais mínimos cuidados higiênicos. Operava tuberculosos, cancerosos, velhos com cataratas, crianças com tumores malígnos, gente desiludida de/por médicos e especialistas. Filmavam e analisavam suas sessões paramédicas, não viam como acusá-lo de charlatanismo. Nem cobrava pelo seu trabalho, mas acabou preso duas vezes, nos anos 50 e 60, pela prática ilegal da medicina. Dizem que o próprio Juscelino, seu conterràneo, o indultou. JK acreditaria em suas capacidades mediúnicas, ou estaria, como acusaram seus opositores, comprando votos dos miseráveis. Arigó jamais teve consciência da sua fantástica capacidade de fazer diagnósticos e realizar complexas intervenções cirúrgicas sem anestesia e sem causar dores ou provocar doenças hospitalares aos pacientes. Acredite se quiser. Arigó morreu no início da década de 70, vítima de um acidente automobilístico, sem capacidade de automedicar-se.

Judith conhecia-o pela literatura e desconfiava de suas curas, mas quis saber a minha opinião sobre o assunto.

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Próxima crónica da série: (6) ARIGÓ
Para ler toda a sequência inicie pela crónica (1) VÓO NOTURNO.

Iremos publicando as cronicas que vão constituir uma espécie de romance, paulatinamente.Semana a semana... o livro impresso já está esgotado...

Sobre a obra e o autor escreveu José Santiago Naud: "A agudeza do observador, riqueza do informe, sopro lírico e sentido apurado do humor armam-no com a matéria e o jeito essenciais do ofício. É capaz de apreender com ternura ou sarcasmo o giro dos acontecimentos e deslizes do humano. Tem estilo, bom senso e bom gosto, poder de síntese e análise assim transmitindo o que vê e o que sente, nos transportes do fato ao relato, para preencher com arte o vazio que um vulgar observador encontraria entre palavras e coisas".


Crónica do livro: Miranda, Antonio. Relógio, não marque as horas: crónica de uma estada em Porto Rico. Brasília: Asefe, 1996. 115 p.

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