Usina de Letras
Usina de Letras
156 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62215 )

Cartas ( 21334)

Contos (13261)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10357)

Erótico (13569)

Frases (50610)

Humor (20029)

Infantil (5429)

Infanto Juvenil (4764)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140799)

Redação (3303)

Roteiro de Filme ou Novela (1063)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6187)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->Vida após a Vida -- 25/04/2001 - 21:01 (Marcel de Alcântara) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O inverno tinha chegado com seu hálito gélido. Subi até o "morro dos namorados", para ver as luzes da cidade onde nasci.
Havia vários carros estacionados e como de costume, os casais trocavam carícias e juras de amor eterno...
Apesar da minha nova situação, o vento castigava-me, mas a dor moral era muito, mas muito maior!
Observando as estrelas enfeitando o céu, perguntava-me se em outros orbes, também não existiriam almas sofredoras como a minha?
Naqueles dias difíceis, não existiam nem passado, presente ou futuro. Apenas a dor retumbando em meu ser como uma bateria de um show de rock!
Voltei à cidade e fui até a casa da minha ex-namorada. Na minha nova existência, tudo resumia-se a ex: Ex namorada, ex casa, ex família... Era realmente uma nova experiência e muito amarga, por sinal!
Vânia estava maravilhosa! Aproximei-me e senti o seu perfume mais uma vez. Talvez intuindo a minha presença, ela correu até o seu quarto para olhar uma foto em que estamos juntos, felizes... Enquanto ela chorava, o que só aumentava meu sofrer, saí soturnamente e fui à casa dos meus pais.
Mamãe dormia profundamente abraçada num agasalho meu e papai, observava-a atormentado, recordando as nossas discussões.
_Ah, pai, se eu pudesse falar-lhe, quantas coisas não te disse e quantas coisas não deveria ter-lhe dito!
Eu que pensava após a morte, subiria ao paraíso, encontrei apenas a solidão no invisível. Como almejar nova vida, se a saudade queima a minha alma, e os meus erros atam-me à Terra?!
Amanheceu e quando resolvi ir embora, surgiu um ancião muito iluminado que serenamente aproximou-se e disse:
_Rafael, não me reconheces? Sou o seu avô Cláudio.
Fixei melhor o olhar, afinal fazia anos que o vovô tinha falecido. Sim, era ele! Só que estava remoçado, nem de longe lembrava o idoso sempre adoentado de outrora.
Abracei-o longamente e após fazer algumas considerações, levou-me não muito longe dali para uma grande casa, uma espécie de hospital para onde eram levadas as almas atormentadas como eu.
Ele explicou-me, que por eu ter morrido antes da hora, sofria daquela maneira, mas que o tempo se encarregaria de amenizar meu sofrimento. Principalmente através de boas obras que eu poderia realizar em favor tanto dos encarnados, como dos desencarnados.
Passaram-se dois anos terrestres e aprendi muito sobre a vida após a vida. Agora irei para outro lugar preparar-me para uma futura reencarnação, pois ainda não estou vibracionalmente apto à ascender para as esferas superiores. A ascensão requer o concurso de muitas vidas, onde gradualmente o ser humano vai abandonando seus defeitos, seus vícios, suas tendências materiais. As vidas sucessivas são como uma grande peneira, onde a alma espreme o suco imortal, deixando para trás as impurezas.
Após algum tempo renasci na antiga casa. Em homenagem a minha memória, deram-me o mesmo nome de antes, sem saberem que era eu quem voltava. E nunca mais abusei do álcool, nunca mais dirigi embriagado.


Marcel de Alcântara



Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui