Acho que é a falta de senso. Ou falta de vida (o estómago revira). Claro que não é falta de comida. Posso estar com fome mas nem me animo em levantar de onde estou e ir atrás de uma guloseima qualquer para acalmar esse ronco indecente, desta pequena barriga cada dia mais saliente.
Bem, pulei da falta para a barriga. Vou recomeçar. Não, hoje não é o meu dia. Não que algo tenha dado errado. Nem que tudo tenha dado certo. É a mesmice que me perturba. É a falta de novidade que me deixa vazia. Perco o tesão de fazer qualquer coisa. Minha única alegria agora deixa-me confusa. O que está acontecendo?
Encontro-me em um universo paralelo. Será que não sou capaz de encontrar algo do qual eu realmente goste? Algo que eu tenha prazer em fazer mesmo que rotineiramente? Torno-me uma ilha rodeada de dúvidas e cada vez mais distante do mundo. Pessoas não me fazem bem. Terei sido muito generalista ao afirmar isto? Poucas pessoas me fazem bem. Fica melhor.
Não. Sei que não devo esperar demais, é bom manter as expectativas baixas mas os sonhos grandiosos. De grão em grão a galinha enche o papo já diz minha mãe. O problema é comigo que não movo uma palha a favor de nada, nem do que quero, nem do que me sugerem. Nasci pra morgar. Nasci pra não viver, nasci mas era pra não nascer. O que faço agora?
