Para melhor assimilar a palestra
em vídeo de Eckhart Tolle,
que me chegou por mão destra,
deixo-a em versos, mas não é mole.
Em outra ocasião, disserto sobre o que é autoestima convencional,
a que significa que você se compara mentalmente com outras pessoas
e conclui que você está bem assim, que há outros passando bem mal.
Essa é a base da autoestima, você tem que se comparar, há coisas e loas.
Não há nada de errado nisso, é próprio da realidade convencional;
não digo que, quando uma criança se destaca e na ponta se isola,
você possa censurá-la e dizer que isso é um mal... Está tudo legal.
Faz parte da realidade convencional, destacar-se até jogando bola.
Mas em algum momento nós nos graduamos e vamos além
dessa realidade convencional, e não teremos mais que derivar
nosso senso de valor, ou de mérito, do fato de sermos também
melhores que os outros, em saber ou ter, para nos aprovar.
Nesse nível você precisa de autoestima e se comparar
com outros menos que você. OK, é coisa temporária,
e, por fim, os homens têm que essa tal coisa superar
e alcançar certo nível de concepção extraordinária.
É um nível muito mais profundo de valores e merecimentos
do que qualquer coisa que a autoestima, em termos convencionais,
lhes pode dar. E que não se baseia em confrontamentos,
em ser melhor que alguém, ou que outros tenham piorado mais.
Vem de lugar não convencional, é preciosidade e vida potente
em si mesma, e você, em seu corpo físico, é dela expressão,
simples e temporária manifestação. Mas o que é subjacente
a essa manifestação temporária é o ETERNO, indefinida duração.
É o UM, a vida em si mesma. E o UM em muitos se torna,
ou parece se tornar em muitos nesta realidade,
mas no núcleo de cada Ser como o Um se contorna.
Você é isso. Você sente a própria preciosidade.
E ao invés da autoestima, isso talvez exija nova nomenclatura;
bem, seja o que for, agora, para mim é "precioso momento",
a Preciosidade, o que a realidade convencional não estrutura,
mas aceita sua adjacência, como pequeno ou grande evento.
Recentemente, vi um filme chamado "Preciosa" em que uma criatura
pouco atraente de forma, vivendo em um ambiente de perversidade,
passava por maus momentos e, mesmo assim, mantinha-se pura,
porque trazia algo dentro de si, oculto da sua forma, uma preciosidade.
Então, mantenha-se puro, você não necessita mais aos outros se comparar
para obter algum tipo de ascensão ou, em alguns casos, se sentir menor
por ter menor poder aquisitivo ou, definitivamente, não desempenhar
sua especialidade tão bem, ou não ser tão glamoroso como um da Décor.
E não precisa, também, como algumas pessoas, de viver sob fictícias histórias
na sua mente que lhe digam quem você é, encobrindo um sentimento
subconsciente de insuficiência. "Eu sou tão grande que nenhuma das divisórias
do ser pode me conter, nunca criei nada, porque estou além do vento."
"Sou maior que qualquer gênio que tenha vivido..." Essas histórias combatem
o sentimento adjacente de não ser bom o suficiente, e assim atacam
qualquer coisa. Todas são baseadas no movimento da mente e se batem,
até mesmo em situações reais, quando certas coisas empacam.
Você pode não ser um grande músico, mas, se verdadeiramente criativo,
é bem provável que você tenha humildade sobre isso, porque verá
que não foi você, como pessoa, que criou nada. Isso foi um donativo
que lhe foi dado e você um instrumento disso se tornará.
E assim, ao ganhar forma, você sabe perfeitamente que não poderá dizer
"Eu fiz isso." A menos que você queira bloquear-se e enfatizar
sua identidade-forma. Você só poderá continuar a ser
criativo se não enfatizar sua identidade-forma, se não se bloquear.
Em muitos artistas e outras pessoas criativas há uma luta
entre a identidade-forma, que tenta crédito ganhar,
e o impulso criativo, no qual crédito é dado como coisa fajuta.
São pessoas quase esquizofrênicas, entre o ego e o poder de criar.
E algumas pessoas são destruídas por esse conflito.
Mas não precisa ser dessse modo. Algumas criativas pessoas
são humildes. Albert Einstein, grande físico, um mito,
era simples e humilde, não se engrandecia diante de loas.
Ele disse:"É absurdo o que as pessoas pensam de mim,
não tem nenhuma base na realidade... sou mais lento
do que os outros... gasto mais tempo pra chegar ao fim
ao tratar dessas questões." Era seu puro depoimento.
Ele era capaz de ficar em quietude durante longas caminhadas,
sem se estressar nas pesquisas. Ele se empregou num enfadonho
trabalho, num escritório de patentes, sem tarefas aprazadas,
e então, durante suas lentas caminhadas, realizava seu sonho.
Então, o fim do mundo não é uma coisa tão má.
Se você deixar o fim do mundo ocorrer dentro de você,
não precisa temer o que lá fora vai acabar.
Você não precisará mais do ego para viver.
E se cada vez mais as pessoas como se mortas viverem cada momento,
isto é, não viverem através do ego, da ligação com a forma,
então, na verdade, paradoxalmente, o mundo irá a um desenvolvimento,
porque o mundo reflete seu estado de consciência, é norma.