Cresci ouvindo, sempre que a ocasião requeria, a expressão título desse texto. Quando isso acontecia, sempre verificávamos a veracidade da assertiva, além de que invariavelmente, o assunto ou fato apresentado tinha uma outra roupagem, ocultando a verdade. Tais peripécias e maquinações são próprias do espírito do mal, sabidamente capcioso, mordaz e habilidoso ator, capaz de conseguir êxito em seus nefastos desejos, dando-lhes uma roupagem virtuosa.
Estarrecido fiquei quando ouvi o senhor Bush, em tom imperativo, ao convocar todos os povos para o ataque e invasão do Iraque, solicitar a proteção Divina para tal fim. ¨... Que Deus esteja conosco." Deveremos chamá-lo de sacrílego ? anticristo ? ...
Para não me afastar do foco religioso que ele próprio fez assento, lembro-me que nas aulas de religião aprendi que nas tábuas de Moisés, onde estão gravadas as leis de Deus, há o mandamento de ¨ Não matarás ¨. Tal ordem, posteriormente,o homem a relativou. Com a evolução das desavenças sociais e buscando o Direito equacionar o problema da tipificação do crime, dentro da área Penal, encontrou-se a solução na instituição da excepcionalidade da legítima defesa. Mas, essa exceção ampara apenas a impunidade do crime, ou seja, há o crime, porém a lei não alcança o autor para submetê-lo à punição. Afinal, não só o ser humano, mas todos os seres vivos, exista ou não um preço para o ato, em situação de vida ou morte certamente vai optar em matar o oponente.
É verdade que não consegui construir uma fé inabalável no Cristianismo, nem mesmo da existência de Deus como proclamado por várias religiões. Reconheço essa fraqueza de minha parte que me fez cético diante da desmesurada iniquidade que vemos dia a dia serem praticadas por nós humanos. Mas, confesso que chegar ao ponto de acreditar que o Criador possa atender tal pedido é por demais aberrante. Se a essência Divina está na criação, não posso crer que o antónimo possa ser fruto de Deus. No mínimo, o sr. Bush ampliou mais ainda minhas incertezas sobre a vitória do bem contra o mal.
É de conhecimento mundial, o real interesse norte-americano pela ocupação de área tão rica. As questões económicas da escassez do petróleo e da água em um futuro tão próximo, infelizmente, sobrepujam qualquer razão de ordem humanitária como nos desejariam fazer acreditar. Some-se a isso, a necessidade do reaquecimento da economia dos EUA que carece de demanda da produção. As leis económicas do mercado e as contradições do capitalismo embotam os sentimentos e embrutecem o homem. Antes do golpe final, as empresas capitalistas dos parentes e amigos próximos dos invasores, já se digladiam pela maior fatia dos lucros da reconstrução do país perdedor.
Sobejamente estamos fartos de vermos os interesses do predomínio da sua posição de nação mais próspera do mundo sobrepujarem as razões humanísticas. Sérvios e Croatas aniquilaram-se e esfacelaram o que era a nação Iugoslava até se esgotarem, enquanto os EUA nada faziam a não ser obterem lucros com a venda de material bélico.
No encontro mundial para assinatura de acordos internacionais de proteção à natureza, objetivando reduzir ou se evitar a poluição, os EUA mandaram o recado que não participariam e que continuariam a poluir independente da opinião mundial. "não podemos parar nossas indústrias", foi a desaforada mensagem.
Dói mais ainda a presunção dos abutres em desprezarem a nossa inteligência, acreditando que todos nós somos burros e não vemos um palmo além do nariz. Reconhecemos a nossa inferioridade económica por conta da nossa completa dependência e posição de país periférico. As nossas veias sempre estiveram abertas para servir de alimento à s ricas nações em toda a nossa história. Todavia, aos poucos felizardos que conseguem entrar em uma Academia para obter maiores conhecimentos, a verdade e a razão da invasão despontam com uma induvidosa evidência.
Já que o malfeitor insiste em sacrificar vidas, praticar genocídios e todos os atos desumanos, sem mesmo conseguir saciar o seu instinto bestial, acreditando ludibriar a todos, é bom que estejamos alerta para a sua voracidade e como somos um país Cistão, usemos a arma da oração para que esta consiga amainar a ànsia de sangue, pois a fera logo necessitará de mais combustível e, em sendo o nosso território tão grande, rico e promissor - "minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá..." ; "... Em se plantando tudo dá". Poderemos ser a bola da vez da besta.
