Estamos diariamente tomando conhecimento da insatisfação norte-americana ante a posição brasileira de não se compactuar com a covarde agressão ao Iraque. Abalizados pela confortável posição de nação mais rica do mundo capitalista, o Tio Sam faz cara feia e rosna ameaças à nossa nação tupiniquim. Como não pode, como um senhor cruel, impor castigos físicos, deita falação de nossa insubordinação. Comandos são dados aos seus mensageiros para endurecerem nas concessões a serem feitas. Exige veto para a compra de produtos nacionais e ameaça obstar a venda de produtos de tecnologia de ponta no intuito de paralisar a nossa produção.
Recordo que um antigo amigo meu, quando em apuros na vida, recorria ao Criador para ter solução favorável e resolver suas aflições. Essas eram constantes e quanto mais se amiudavam, mais ele acrescentava as penitências. Nessas ocasiões, abandonava qualquer tipo de diversão, até mesmo as mais preferidas como o jogo de futebol e sevoltava para a dedicação integral à oração. Valia-se de tudo: missas diárias em igreja católica; cultos diuturnos em igrejas evangélicas; reuniões noturnas em centros espíritas; jejuns alimentares e sexuais; cultos africanos; até mesmo o infalível banho de folhas entrava em ação. O certo é que diante de tantas abstinências e o aumento da fé o resultado sempre vinha rápido, ao que ele aliviado dizia "- Deus é pai, não é padrasto!".,.
Resolvidas as pendências e aliviado dos incómodos, voltava à vida normal esquecendo-se completamente de cumprir as promessas feitas durante o período de angústia, até que novas turbulências o afligissem para ele novamente devotar-se à s religiões. Mesmo sabendo que era um incorrigível descumpridor de promessas, jamais os Santos e o Pai deixaram-no sem assistência.
Infelizmente isso não acontece com o nosso Brasil. Sempre estivemos órfãos de pai. Os padrastos que se sucederam em nossa vida agiram sempre com rigor desmedido, violência e maus-tratos. Sofremos há muito tempo nas mãos dos europeus e logo depois, debaixo do chicote dos EUA. Por mais que sejamos explorados, que nossas riquezas naturais sejam consumidas, que o suor de nossos patriotas seja gasto, sempre estamos devendo e sendo tachados de filhos ingratos.
Recentemente uma embaixadora dos Estados Unidos fez-se de muda e deixou o nosso Senado Federal sem as respostas que necessitava diante das pressões da Casa Branca em retaliar a nossa postura. Grande é o desacato e humilhação a que estamos expostos. Apenas porque não apoiamos a sua intenção beligerante e imperialista os EUA nos dão as costas e tratam-nos com indiferença e desrespeito.
Na qualidade de cidadão brasileiro quero dizer ao grande chefe e delegado do mundo que estou farto dele me impor a submissão. Não nasci numa terra abençoada pelos Deuses, de dimensões continentais, de clima tropical e distante de terremotos e vulcões para ser subserviente a quem carece das benesses Divinas. Não sou um lambe botas, não preciso, nem tampouco espero a sua proteção e atenção para viver em paz e sossego.
Se o tio Sam imagina que o tenho como modelo ou exemplo a ser seguido, está muito enganado. Se formos discutir no campo da diplomacia internacional ou dentro do Direito internacional, é bom que ele saiba que as leis foram rasgadas quando ele proclamou-se acima da ONU. Se ele fez tábula rasa o que ficou convencionado entre as nações, cabe a mim o direito de queimar todas as demais leis que ajustavam o equilíbrio mundial, em especial as que norteiam nossas relações bilaterais.
Aliás, para que não se perca mais tempo, é melhor que o Brasil solicite aos ianques que se retirem da base de Alcàntara onde a rapinagem já corre desenfreada, imponha-se como nação independente e não se submeta à suas pressões de poder e tirania. Necessitamos, com urgência, de um tratamento de respeito mútuo e não de assistencialismo ou apadrinhamento. Viveremos muito felizes e protegidos pelo Pai.
Por falar em Pai, já escrevi ao meu colega pedindo que inclua o Brasil em suas súplicas prometendo que em agradecimento pela consecução de nossos pedidos, convocarei todos brasileiros a pagarem suas promessas de hoje, de ontem e de amanhã. Não facilitaremos no cumprimento das promessas. Teremos um Pai e não precisaremos do padrastro.
