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Cronicas-->O flagrante do xerife -- 09/08/2006 - 11:06 (Domingos Sávio Fernandes de Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O flagrante do xerife (10/04/2003)


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Toda a sociedade tem conhecimento que maus agentes do poder estatal, ignorando a sua condição de defensores da Justiça e das leis, agem com malevolência quando decididos à incriminar alguém. Forjam cinicamente, um flagrante: colocam armas na mãos do perseguido; inserem drogas proibidas nos bolsos ou sacolas do acusado; submetem-no à execração pública; cerceiam-lhe o direito de ampla defesa etc. As maneiras e os ardis utilizados são os mais variados e inimagináveis.

Desde quando se tornou pública as veementes declarações do presidente dos EUA de que Saddam Hussein armava o exército iraquiano com ogivas nucleares e armas bacteriológicas capazes de destruir ou empestear a humanidade que desconfio da veracidade das afirmações.

Após o atentado de onze de setembro, o neurótico presidente norte-americano devastou o Afeganistão à caça de um seu inimigo (não vejo Bin Laden como inimigo da democracia e das Américas, ele tem lá suas razões para sua xenofobia americana). Ensandecido, usou da mídia internacional para angariar adeptos e bisbilhotar impunemente a intimidade de todas as nações. Sacrificou vidas humanas e quase levou a extinção os morcegos, ratos, cobras, lagartos, lacraias e demais viventes das cavernas afegãs, sem obter êxito em seu propósito insano.

Semeada a idéia da existência de um malfazejo que abrigava o seu desafeto, que intranquilizava a harmonia mundial, restava o trabalho de encontrá-lo. O "xerife do mundo" então divisou que Sadamm Hussein dava guarida ao procurado e que astutamente e em conjunto arquitetavam planos de novos ataques terroristas. Os espiões norte-americanos travestidos de especialistas da ONU viraram o Iraque de cabeça para baixo, violaram suas particularidades e nada encontraram.

Covardemente, após determinar que o Iraque destruísse suas ultrapassadas e obsoletas armas bélicas, promoveu a vergonhosa invasão. Uma atitude abominável. Após ordenar "mãos ao alto" fuzilou o indefeso. A supremacia militar já existente dos EUA não lhe deu coragem para enfrentar o oponente. O caubói do Texas deslustrou a imagem que eu tinha de um xerife.

O capítulo seguinte será forjar a existência de armas nucleares poderosíssimas que intimidavam o globo terrestre e que estavam prontas para serem usadas. Com certeza veremos o "xerife" apresentar o flagrante ao mundo estarrecido, justificando sua ação belicosa, tentando apagar sua péssima imagem de mentiroso. Não conseguirá enganar a todos, mas o inimigo já estará morto e não poderá se manifestar.

Nos filmes de bang-bang que assisti e que tantas empolgações me proporcionaram, a medição de forças era aferida pelo duelo: os desafetos postavam-se destemidamente frente à frente e aquele mais rápido no gatilho, eliminava o oponente.

Ia ao delírio na sala do cinema, aplaudia freneticamente a coragem e sentia uma gostosa sensação de Justiça. Torcia apaixonadamente pela vitória do xerife.

Lembro também que o xerife ia pessoalmente à busca do bandido. A ele interessava eliminar pessoalmente o causador de pànico e desassossego. Não invadia a casa do procurado sacrificando seus pais, filhos e esposa. Intrépido, encarava, enfrentava e abatia o facínora. Daí a merecida admiração, até mesmo devoção que tinha pelo mesmo.

Esse novo filme que me projetam, faz-me saudoso dos filmes antigos. Os valores morais desapareceram. O xerife é um perigoso covarde e traiçoeiro, além de beberrão compulsivo. Está distante da Justiça, rasga as Leis, implanta o terror e se borra de medo de quem está armado. Em vez de me causar empolgação dá-me nojo e ojeriza.

-Cuidado xerife moderno para que não o vejamos apavorado, correndo aos berros feito mocinha desprotegida, quando for mostrar o "flagrante" e Saddam Hussein surgir, ainda que em forma de alma penada, intimidando-o com o grito:

peraí safado!
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