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Contos-->NO TEMPO DE MATUSALÉM -- 25/02/2010 - 20:53 (Roberto Stavale) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
NO TEMPO DE MATUSALÉM

Sátira


Quando formatou o mundo em sete dias, Deus criou por último o homem e a mulher.
Para fazer o homem segundo a sua imagem, foi até a beira de um rio e, com muita argila, modelou a figura. Em seguida, assoprou em seu ouvido direito. Aquele amontoado de barro tomou vida e, já de carne e osso, começou a falar:
– Onde estou? Quem eu sou? Quem é o Senhor?
– Sou Deus, seu Pai. Você está no Paraíso, mas não naquele bairro onde passa o metrô em São Paulo. E o seu nome é Adão.
Mandou Adão dar umas voltas nos Jardins do Éden e foi descansar.
No dia seguinte, Deus resolveu criar a companheira de Adão.
Aproveitou que o homem estava dormindo e com habilidade retirou uma costela do pobre coitado, transformando-a em uma bela e exuberante mulher.
Por isso a carne preferida nas churrascarias gaúchas de beira de estrada são as costelas de ripa.
Adão acordou e desmaiou ao ver aquele pedaço de mulher em sua frente.
Depois das apresentações formais, Deus levou-os para mostrar o melhor que tinha criado – o paraíso terrestre.
Andaram cerca de três horas e pararam diante de uma macieira carregada de lindas e saborosas maçãs.
Deus, solenemente, falou:
– O paraíso inteiro é de vocês! Menos esta árvore! Não comam os seus frutos, pois são pecaminosos. Se comerem, este recanto maravilhoso se tornará um inferno.
E partiu para ocupar o seu trono celestial no espaço.
O casal andava nu por todas aquelas paragens. Felizmente, não conheciam a rua 25 de Março. Alimentavam-se de frutas, cereais, legumes e bebiam águas puríssimas das fontes. Mas a fruta proibida, nem pensar!
Uma bela tarde de verão, os dois resolveram descansar à sombra da tal macieira.
Estavam olhando para a árvore quando notaram uma serpente, descendo pelos galhos. Era uma velha jararaca desdentada, cheia de malícia no olhar, e que logo foi dizendo:
– Eu sou a dona dessa macieira. Vocês podem comer as frutas à vontade.
Adão olhou para Eva, Eva olhou para Adão e disse:
– Ora, bolas, se ela é a dona e está nos autorizando, eu vou comer uma maçã.
– Nada disso! Replicou Adão. Lembre-se das palavras de Deus.
Eva, um protótipo das mulheres teimosas, levantou-se e colheu diversas maçãs. Sentou-se novamente ao lado de Adão e ambos fizeram o maior piquenique. Comeram até se saciar.
Depois das frutas, Adão resolveu comer outra coisa.
Dessa comilança nasceram seus dois primeiros filhos – Caim e Abel.
Como Deus previu, o paraíso terrestre tornou-se um caos e eles foram expulsos.
Tristes e cansados, mudaram-se para Paraisópolis.
Uma das primeiras fatalidades foi a invasão do MST. Depois, vieram os sem moradias e construíram milhares de favelas.
Já crescidos, os filhos de Adão começaram a trabalhar para se manter. Abel passou a criar gado e ovelhas, enquanto Caim, o mais velho, tornou-se agricultor.
Um não ia com a cara do outro. Brigas e discussões entre os dois aconteciam a qualquer momento.
Certo dia, Caim acusou o irmão de ter ajudado o MST a invadir as suas propriedades.
Não deu outra! Caim armou uma cilada para o irmão e o matou a facadas, na beira da estrada.
Deus, indignado com o homicídio, condenou Caim, já casado com uma de suas irmãs, outro pecado mortal, a vagar pelo mundo com a sua prole.
E assim o tempo foi passando.
Os dias felizes no paraíso tinham terminado. Só havia guerras e revoltas contra o poder de Deus.
Onde antes havia os Jardins do Éden, vivia um homem chamado Noé, filho de Meleque e neto de Matusalém, descendente direto de Adão e Eva.
Lá do alto, assistindo a tanto horror, Deus escolheu entre o povo um homem caridoso, bom pai de família, trabalhador e fiel às palavras de Deus. Este cidadão era Noé.
Certo dia, Deus apareceu para ele e disse:
– Noé, eu vou terminar com essa palhaçada que o povo está fazendo! Vou acabar com o mundo. Vou fazer chover quarenta dias e quarenta noites (naquela época, cada dia durava cerca de quatro anos). Para tanto, vou lhe conceder o prazo de 120 anos para você construir uma arca navegável tão grande que caiba a sua família e um casal de cada bicho existente sobre a terra. Só você sobreviverá ao dilúvio. O resto da humanidade morrerá!
No dia seguinte, Noé deu início à sua árdua missão.
Além de construir a arca, saiu pelo mundo em busca dos animais.
Os pequenos veados e as gazelas ele encontrou nas distantes matas do Morumbi
Quanto ao casal de porquinhos, Noé aproveitou que estava perto e foi buscá-los nas selvas do Parque Antártica. Devemos lembrar que, bem antes de o Palestra Itália construir o seu estádio, as terras já se chamavam Parque Antártica. Portanto, não estamos ofendendo ninguém.
O casal de urubus ele colocou em uma gaiola, lá na Praia do Flamengo.
Passados os 120 anos, a arca estava pronta e lotada, como Deus pediu.
De uma hora para outra começou a chover. Deus avisou: – É o dilúvio.
Noé embarcou com toda a família. A bicharada já estava acomodada.
Chovia sem parar.
As terras começaram a ficar submersas até que desapareceram por completo.
Só a arca de Noé navegava naquele imenso e único oceano.
Depois do tempo determinado por Deus, a chuva cessou e as águas começaram a abaixar.
De repente, a arca encalhou no cume de uma montanha, o Monte Ararate, situado na atual Turquia.
Noel abriu as portinholas da arca, soltou todos os bichos e desceu para a terra firme com a sua família e dezenas de netos e bisnetos.
Na ocasião, Noé tinha 600 anos. Por qual calendário, não sei!
E o tempo continuou passando.
Porém, apesar de todo o castigo de Deus, o bicho homem não se emendou.
A bagunça e a ingratidão era pior do que antes do dilúvio.
O tempo passou e a humanidade tornava-se cada vez mais perversa. Deus chegou a ponto de destruir Sodoma e Gomorra, terra dos cananeus, com bombas atômicas, por causa do ateísmo, imoralidade e perversão, pois o povo de lá era viciado em sacanagens e bacanais.
Porém, há sempre um escolhido pelo poder divino. Antes da destruição, Ló, puro e temente a Deus, foi alertado por um anjo alado que deveria fugir com sua mulher e duas filhas.
Mas a esposa de Ló, desobediente como todas as mulheres, olhou para trás, para ter certeza da ira de Deus, e se transformou em uma estátua de sal que logo desapareceu. Não se sabe se foi usada como sal de cozinha.
Durante a fuga, as filhas de Ló ofereceram-lhe vinho e, quando ele estava embriagado, cometeram incesto. Puta sacanagem! E hoje ficamos horrorizados e escandalizados com certas novelas e com o Big Brother Brasil. Fora os desfiles carnavalescos nos quais todos saem de Adão e Eva.
As tribos evoluíram e se tornaram nações, cada qual com a sua religião. Para garantir a sobrevivência, os mais fortes escravizaram os fracos e oprimidos. Como se vê, essa lengalenga vem de longe. E os povos atuais pensam que é invenção das esquerdas festivas.
Nessa convulsão social, os egípcios escravizaram os judeus por 250 anos. Não sabemos se a data provém do calendário usado no Egito, nessa época, ou do calendário hebraico, que está no ano 5.770.
Para livrar seu filho da escravidão, uma mãe colocou-o num cesto de vime e o empurrou no leito do rio Nilo, nas proximidades do palácio do faraó Seth.
Thermuthis, a filha adolescente do faraó, encontrou a encomenda durante um banho na praia do rio. Usando caríssimas vestes de banho da Daslu, ela retirou o garoto da cesta e o levou para o palácio, onde ele foi criado como príncipe do Egito, com o nome de Moisés.
Moisés, já perto dos quarenta anos, soube, por alguma bisbilhoteira, que era judeu e que estava lá graças à bondade do faraó e de sua mãe adotiva, a princesa Thermuthis.
Ele passou, então, por uma tremenda crise existencial. Começou a sofrer de depressão. Não dormia. Passava os dias tomando Lexotan e Dormonid. Em uma dessas crises, matou um feitor de obras do faraó e teve de fugir porque a polícia estava à sua procura.
No exílio, casou-se com Séfora e teve um filho chamado Gerson.
Certo dia, Moisés deparou-se com uma sarsa ardente, que ardia, mas não se consumia.
Era Deus, que ordenou que ele voltasse ao palácio e desse início ao Êxodo, libertando todos os judeus.
Em uma jornada fenomenal, ele conduziu seu povo através do deserto em direção a Canaã, Terra Prometida a Abraão.
O faraó, indignado com as pragas caídas sobre o Egito, que levaram a morte até o seu pequeno filho, mandou as tropas de choque para capturar Moisés e seus seguidores.
Os fugitivos, ao chegar à beira do Mar Vermelho, ficaram encurralados, sem saber o que fazer.
Porém, Moisés tinha uma varinha mágica dada por Deus e foi com ela que lançou as pragas sobre o Egito.
Subiu em um rochedo à beira-mar e, erguendo a vara, ordenou a separação das águas para que o seu povo pudesse passar.
Não deu outra! As águas se separaram, formando uma longa estrada até a outra margem.
Moisés e o resto dos ex-escravos atravessaram, numa boa.
As tropas pararam, admiradas com aquele feito. Quando estavam atravessando, quase chegando perto de Moisés, este levantou sua varinha novamente e ordenou que o mar se fechasse em cima dos soldados do faraó.
Morreram todos. Assim, Moisés continuou a sua caminhada para a Terra Prometida.
Mas a tal Terra nunca aparecia e o povo começou a se rebelar.
Foi quando Moisés subiu ao Monte Sinai para receber das mãos de Deus os Dez Mandamentos.
Deus, novamente em forma de sarsa ardente, escreveu a fogo na Tábua das Leis os seguintes mandamentos, segundo a doutrina cristã, porque Moisés era judeu e o Decano completo, segundo as leis da Torá, levaria dias escrevendo.
Mas vamos lá:
1º) Amar a Deus sobre todas as coisas.
Novamente o povo se esqueceu de amar Deus. Hoje, o homossexualismo leva homens a amarem outros homens, e mulheres a amarem outras mulheres. O matrimônio é um dos sacramentos da lei de Deus mais desrespeitados atualmente. A grande maioria dos que se dizem católicos amam orixás e outras entidades das religiões afro-brasileiras, têm diversos altares em suas casas com esses símbolos e estão sempre nas matas, nas cachoeiras e à beira-mar, fazendo as suas obrigações, esquecendo-se completamente de Deus, criador do céu e da terra.
2º) Não tomar o seu santo nome em vão.
Piada! Em qualquer lugar só se ouve: Deus me ajude! Deus, faça com que eu ganhe na mega-sena! Jesus Cristo, mas como o Corinthians está jogando mal. E por aí afora. Até blasfêmias em nome de Deus são ouvidas.
3º) Guardar os domingos de festas e de guarda.
Nos mandamentos originais, Deus mandou guardar o sábado depois de seis dias de trabalho. Mas a religião católica e suas ramificações inventaram o domingo para descanso, conforme costume do Império Romano. Por isso a humanidade tem em suas semanas, seja lá qual for o calendário, dois dias para descansar. E mesmo assim só existe gente cansada.
4ª) Honrar pai e mãe.
Já no paraíso terrestre Caim matou seu irmão, desonrando pai e mãe. É só ir aos asilos, onde são jogados os velhinhos, que já foram jovens, para ter conhecimento exato das falsidades cometidas nesse quarto mandamento.
5ª) Não matar.
Caim não matou seu irmão Abel sob os olhos de Deus? A Santa Madre Igreja matou milhares em nome do Santo Ofício, por ordem de Deus, pois eram hereges e iam na contramão dos ensinamentos católicos. Segundo alguns especialistas, matar não é crime nem pecado. Apenas o autor, ou criminoso, está auxiliando Deus, mandando com mais rapidez certas pessoas para o Seu julgamento. Ele que resolva. O céu ou inferno.
6ª) Não pecar contra a castidade.
Esse é de doer! Nos mandamentos originais recebidos por Moisés, esse é o sétimo, e nas Tábuas da Lei está escrito: não cometerás adultério. Mas a Igreja Católica, por conveniência, resolveu complicar mais e proibiu todos os cristãos de pecarem contra o sexo. Resumindo, pensar em transar é pecado.
7º) Não roubar.
Deus proibiu roubar, furtar, surrupiar, mas Eva, em pertinente desobediência, furtou a maça e experimentou o gosto ruim do pecado. Assim, o homem vem roubando tudo o que vê pela frente. Se Moisés vivesse nos dias de hoje, daria um tiro em cada político brasileiro. Vão roubar assim lá na ponte que caiu!
8º) Não levantar falso testemunho.
Esse mandamento, por incrível que pareça, nunca foi respeitado. Os fuxicos, mexericos e mentiras falam mais alto do que as verdades, tornando as testemunhas dos processos judiciais meras prostitutas da justiça.
9º) Não desejar a mulher do próximo.
De bom alvitre seria melhor se o texto estivesse escrito assim: “não desejar a mulher do próximo, quando o próximo estiver muito próximo”. Creio que não é necessário falar mais nada a respeito.
10º) Não cobiçar as coisas alheias.
Pra começar, a mulher do próximo é uma coisa alheia. Tudo é cobiçado. Por exemplo, os corintianos cobiçam o título da Libertadores, ganho pelo São Paulo. A cobiça é uma constante. Até eu cobiço as fortunas ganhas nos porões das mega-senas.
E assim a Santa Madre Igreja reduziu para 10 aos seus interesses, as leis entregues por Deus a Moisés.
Dos 12 Mandamentos, Moisés ainda foi designado a receber outras 60 leis divinas, tornando-se o grande legislador do povo judeu.
E o tempo continuou passando.
Uns 3.000 anos depois de Moisés, as civilizações prosperaram e deram origem à nação mais importante do mundo de outrora – o Império Romano.
Esse império abriu seus tentáculos sobre o mundo conhecido na época, principalmente em torno do Mediterrâneo.
Todo o norte da África foi conquistado pelas tropas romanas.
Em Belém, na Judéia ocupada, nasceu de família judaica, descendente do rei Davi, o pequeno Jesus.
História super conhecida não aceita pelos judeus e outras seitas.
Filosofia e ensinamentos que depois das pregações, milagres, da paixão e morte por crucificação de Nosso Senhor Jesus Cristo tornou-se a maior religião do planeta. O Cristianismo, hoje dividido em católicos, ortodoxos, protestantes e evangélicos, sobrevive há 2010 anos sob os antigos crimes praticados pelo Santo Ofício, em nome de Deus.
E assim o mundo continuou com pestes, pragas, epidemias, guerras, terremotos, maremotos, assassinatos, roubos, pilhagens, furtos, crises financeiras e outras calamidades dantescas, em que os povos nunca se entendem devido às suas etnias, religiões, ideologias, invejas, cobiças, etc., etc.
Resumindo: todo esse sofrimento da humanidade, através dos tempos, foi e é castigo da ira de Deus por causa de uma cobra e de uma maçã!


Roberto Stavale
Janeiro de 2010.-
Direitos Autorais Reservados®







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