Alguns anos se passaram desde aqueles dias que eu era invadido por uma ansiedade ritmada.Os dias seguiam agitados e calorentos como de costume.Planos estavam prontos e malas nem tanto.
Alias, malas acho que nem tinha.No máximo uma mochila para carregar uma muda de pouca roupa para uma pequena e rápida viagem que cortava apenas alguns bairros do subúrbio da Leopoldina.
As músicas daquele ano, iguais ou não, sempre pareciam feitas sob medida para uma alegria que corria solta e despreocupada, sem a aparência daquela que hoje por vezes senão fabricada parece um tanto encomendada.
Mudou o Carnaval ou eu?Os dois.Não estou falando aqui da transformação natural que o tempo certamente provocou em ambos, mas da diferença de clima.E olha que os dias continuam abafados nesta época do ano.
Verdade é que hoje já até entendo porque o Momo passa em Fevereiro e outras em Março.Mas continuo na dúvida quanto à s razões que levaram a espontaneidade e trouxeram a rotina de musas, rainhas e destaques.
O Carnaval era grande, espalhado e comprido.Os gritos de carnaval e pré-carnavalescos estendiam-se por vários cantos, bairros e clubes.Hoje assistimos aos ensaios e desfiles das grandes e super escolas que viraram janela para os 15 minutos de fama de ilustres conhecidos e figurinhas menos notadas que fazem qualquer coisa por uma nota ou lembrança de uma esquina de jornal.
É, o Carnaval virou mais um produto para consumo imediato.Tem data, hora e lugar marcado.Preço afixado pra tudo.È matéria que vende tv, jornal e revista.É consumo de todos para poucos.
Quanto a mim, já não corro tão agitado nos dias que o antecedem ou tão pouco pulo frenético nos seus dias estabelecidos. Viajo, já tenho malas.Descanso, jogo cartas, corro (literalmente) de mim e dos problemas.Assisto tv e ouço música, não necessariamente de Carnaval.Faço planos "para quando o Carnaval passar",tomo decisões e novas resoluções de Ano Novo,afinal o ano só começa mesmo depois do Carnaval.Minha alegria já nem "atravessa o mar", fica aqui mesmo em compasso de espera, torcendo" pra tudo se acabar na 4 feira".