Sem Volta
Se volto ao passado
Sinto o que senti.
Não era eu ali.
Era um frango depenado.
Pronto para ser assado.
Banqueteado.
Ao invés de ficar ali a culpar
O mundo inteiro, desatei a correr.
Ia sem destino.
Fugia-me o tino.
Só não me perdi porque nunca
Inverti a direção.
É para a frente que se vai.
Dizia para mim aquela ânsia
Sem fim.
Viver foi assim uma viagem.
A estrada não era asfaltada, eram
pedras semienterradas no pó da terra.
Era assim que era.
Machucavam-me inteira.
Doíam os pés.
Às vezes caía.
Lá me levantava.
Toda machucada.
Nem era plana, era inclinada.
A cada ladeira, mais uma canseira.
E foi assim que aprendi que viver não é brincadeira.
Lita Moniz
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