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cronicas-->NO PRESENTE A MENTE O CORPO É DIFERENTE -- 26/08/2006 - 14:51 (ANTONIO MIRANDA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


(RELÓGIO NÃO MARQUE AS HORAS, de Antonio Miranda. Esta é a 40ª. crónica da série*. São cronicas independentes não obstante formem uma sequência, na intenção de uma crónica de viagem contínua...)




40
NO PRESENTE A MENTE O CORPO É DIFERENTE



"O passado nunca mais" Belchior

É mesmo: os tempos atuais são infinitamente melhores, já dizia a cantora Cora Coralina. O passado é um fardo para quem não sabe superá-lo.
O tempo não pára, como garantia o filósofo Cazuza. E há quem seja capaz de ver "o tempo, brincando ao redor" como o menino Caetano Veloso. Para ele o tempo parou, porque a vida é amiga da arte. Mas ele, São Caetano, não podia parar (como São Paulo, que só pára quando há greve e congestionamento) .

O passado é uma roupa que não serve mais, afirmou o compositor Belchior, que amava o passado e que não via que o novo sempre vem. Tão profundo e tão raso!!!

O passado é um defunto, não raras vezes um cadáver insepulto. Era melhor porque se foi. Como diria o escritor Horacio Vázquez Rial, "hemos perdido la vida en la vida".

O pedante do Peter Drucker é que está certo: só existe amanhã no hoje. Ele pensava poder administrar o tempo. É o tempo que parece administrar as pessoas.

Não é o Brasil que é o país do futuro? O Brasil é o país do vai-ser, do quem viver verá. Será?

É possível: a razão é pessimista, mas a vontade é sempre otimista. E o Brasil é o país dos otimistas. Ou foi.

O Brasil agora é a Geni, esperando pelo Zeppelin. Todo mundo malha, mas ela é que pode nos redimir e nos salvar. Santa Geni, salvai-nos dos políticos que usam as palavras para disfarçar a realidade. Salvai-nos dos empresários que galopam na inflação e só dividem os lucros com os banqueiros. Livrai-nos da onipotência dos juizes e da prepotência dos militares! E que chegue logo o Carnaval! Com o Arcebispo-gay abrindo alas, secundado por um batalhão de mulatas disfarçando o nosso racismo. E salve-se quem puder.

Preso numa ilha do Caribe, com água até o pescoço, lanço garrafas ao mar. Antes que eu morra afogado, ou morra de saudade.

E antes que me chamem de saudosista, faço a devida aclaratória: minha saudade nada tem a ver com o passado. Tenho saudade do presente que está mais longe, de que me privo.

É quando entendo a angústia dos cubanos de Miami, com imensos binóculos a 90 milhas de La Habana, espreitando sinais e sargaços. Esperando garrafas com mensagens. Buscam a esperança que já perderam de voltar à ilha de seus sonhos.

É a dor do expatriado.




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Próxima crónica da série: (41) SIM, PORQUE SIM




Para ler toda a sequência inicie pela crónica (1) VÓO NOTURNO, na seção de cronicas de Antonio Miranda, na Usina de Letras.

Iremos publicando as cronicas que vão constituir uma espécie de romance,
paulatinamente. Semana a semana... o livro impresso já está esgotado...

Sobre a obra e o autor escreveu José Santiago Naud: "A agudeza do observador, riqueza do informe, sopro lírico e sentido apurado do humor armam-no com a matéria e o jeito essenciais do ofício. É capaz de apreender com ternura ou sarcasmo o giro dos acontecimentos e deslizes do humano. Tem estilo, bom senso e bom gosto, poder de síntese e análise assim transmitindo o que vê e o que sente, nos transportes do fato ao relato, para preencher com arte o vazio que um vulgar observador encontraria entre palavras e coisas".

Crónica do livro: Miranda, Antonio. Relógio, não marque as horas: crónica de uma estada em Porto Rico. Brasília: Asefe, 1996. 115 p.


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