E faço da voz da multidão
o meu grito de justiça,
no sol poente dos domingos
escrevo minha carta de liberdade.
Nas grades da prisão
alguém implora por um novo dia,
e há dias que não te vejo.
Não fostes mais do que eu esperava,
e lá estava meu sonho vazando por tuas vinhetas.
Não me parece justo te rever,
o vento me sopra nos ouvidos uma canção antiga,
tuas curvas sinuosas escondem o teu postal.
Um traçado de linhas retas, reta é a tua plenitude.
Não és de todo linda, nem fostes tão minha.
Tua violenta sedução brange meu imo,
e como os sinos não dobram por ninguém
vou ninando tuas crianças nos sinais vermelhos.
E há aqueles que te desenham na manteiga do papel.
Um desenho de giz
que deixa sangrar no véu da noite teus astros.
Um novo sol se vai e
me sinto preso em meus escombros,
e com um "dar de ombros"
a noite cobre de nanquim a
harmonia de uma juventude.
Oh que saudades de ti,
do teu amor hipócrita,
do teu cheiro de relva.
Retorno para o teu abraço, e
trago um refrão com teu nome...
e assim te chamo.
Valber Diniz JAN/93 |