Rotina *
São dezoito horas, trinta e dois minutos,
Vinte e sete segundos. Noite fria.
Céu lilás. Cantos tristes. Nostalgia.
E o contraste com tantos seres brutos.
Expediente encerrado. Os estatutos
Ponho no arquivo. Sexta feira. O dia
Se vai. Fim de semana se inicia.
Samba. Sol. Praia. Mar. Corpos enxutos.
Mas não me esqueço: na segunda, às oito,
Pra começar de novo o meu trabalho,
Micro-ônibus pego e parto afoito.
Saio correndo (e apenas me atrapalho)
Sem tomar café nem comer biscoito,
Aumentando caminho, busco atalho.
* Magia, Campinas (SP): Editora Komedi, 2006, p. 110; jornal "A Voz da Poesia", Movimento Poético Nacional, São Paulo (SP): ano XXXV, abril e junho de 2012, nº 97, p. 2.
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