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Contos-->Vermelho-sangue -- 22/05/2010 - 16:10 (Alfredo Domingos Faria da Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Vermelho-sangue

Indica um estilo. Representa uma preferência. Sabe-se que vem por trás.
Quem faz uso é destemida. Resoluta. É quase abusada. Geralmente, essa tal é morena de cabelos curtos ou mantidos presos. As de cabelos longos, de pele alva, preferem cores suaves. Rosa, talvez o branco.
Seus olhares são penetrantes. Mostram-se inquietas. Dizem as coisas na cara, na hora. Ainda complementam: - comigo é assim, não tenho papas na língua.
No primeiro encontro, querem mostrar as garras, serem definitivas. Tomam a iniciativa. Partem para a ofensiva. O caminhar é tenso. Anunciam a aproximação. Não chegam submissas, furtivas.
Na entrevista de um novo emprego fazem questão de marcar posição. Definir quem são.
Quando podem, usam decotes ousados e lábios na cor. Os perfumes são fortes, marcantes.
Levar filhos no colo nem pensar. Cozinhar e lavar, ainda por cima fazer bainha na calça do marido, de jeito maneira. Serem melosas, submissas - pé-de-pato, mangalô, três vezes! Isola na madeira! Nunca!
Não existe espaço para o mais ou menos tampouco para o menos. Tudo é muito, superlativo.
Saladinhas com iscas de salmão, rúcula e tomate seco são preteridas. As comidas com mais sustância prevalecem. São magras, pelo incrível que possa parecer, apesar das comilanças. Julga-se que em função das atividades aceleradas, da cabeça sempre funcionando, as energias adquiridas são consumidas rapidamente.
Os olhos falam em agito lateral, expressam a sintonia com a vivacidade. Estalam os dedos em sinal de que estão indo, de que é pra já.
A agenda é superlotada. A hora do almoço é para trabalho. As garfadas são na cadência da agitação. Repetem o “deixa comigo” várias vezes, fechando um assunto e abrindo outro. Não há tema desconhecido ou que não tenham ouvido falar.
Abraçam a tecnologia. Buscam a modernidade. Dessa forma, não abrem mão de, no mínimo, um celular que foi lançado ontem e de um “laptop” posto no mercado hoje de manhã. Os dois aparelhos fazem parte da tropa de choque, vinte e quatro horas de efetivo serviço.
Cortam as calçadas sem sequer percebê-las, pois enquanto andam falam desesperadamente no portátil. Os encontrões com as pessoas são normais, não estão nem aí.
O Dry Martini, sem as azeitonas, é claro, a caipirinha e outras bebidas fortes são as eleitas. O coquetel de frutas é considerado pueril.
As vitaminas energéticas têm a predileção. Os chás e os consomês são renegados.
E os namorados ou maridos? Coitados desses pobres seres! Sofrem mais do que sovaco de coxo nas muletas. Para exemplificar, são impelidos a trocarem de emprego, talvez até de profissão. Quando menos percebem, sendo flamenguistas, encontram-se na torcida do Vasco, e torcendo ferozmente. Tudo por influência delas. Aqueles ouvem frequentemente que são uns encostos, uns pesos para elas. Fazer o quê?!
Naturalmente que os nomes românticos e completos não lhes dizem respeito. Elas não aceitam serem chamadas de Elizabeth Maria (ainda mais com “th”), Isabel Cristina (nome de mocinha de novela) ou Maria Bernadete.
Não toleram também os diminutivos. Ficam com a sensação do menosprezo e do julgamento de pobres meninas. Assim, jamais admitem o chamamento de Cidinha, Aninha, Fatinha e demais “inhas”.
Os nomes adotados normalmente descambam para corruptelas, por expressarem melhor quem os carrega. Devem ser curtos. Esses seguem o ritmo de suas vidas, enquadram-se com propriedade. São verdadeiros lampejos, espasmos. Surgem, então, as Fê, Rê, Cla, Dri e outras invencionices do gênero.
Já deve ser do conhecimento do leitor, nessa altura da escrita, que me refiro a um segmento do conjunto das mulheres, identificando parte do seu modo de ser. Então, irá concordar - espero eu - que trato daquelas que usam constantemente unhas pintadas na cor vermelha. Vermelho-sangue.
Não são mulheres quaisquer. Têm muita personalidade. Certamente, possuem um quê raro de mistério, sensualidade, determinação e de busca permanente pelo sucesso. Considero existir uma força nesse sentido. Não à toa é a escolha. No universo das cores a adotar, dar preferência justamente à cor do rubi, da febre, do amor, positivamente não é por conta do acaso. Faz sentido o gosto pelo poder e pelo amor, ambos inebriam e são alicerçados no arrojo, na compulsão. O que tem tudo a ver com o vermelho, ainda mais com contornos sanguíneos. Tem compromisso nisso. Essa aposta é para vencer...
Mas, espere, não há motivo para precipitação! Não pode ficar nenhuma suspeita de discriminação, muito menos de preconceito. Elas procedem e sentem assim, pronto!
Balzac, quando convocado, vem nos salvar por meio do pensamento: “Dentre todas as criaturas a mulher é a mais perfeita: é uma criação transitória entre o homem e o anjo”.
Na realidade, a mulher e o homem, sem distinção, possuem semelhantemente as suas manias, artimanhas e forma de se conduzirem. Essa variação de conduta, independente do sexo, dá o colorido que a vida exige e, dizendo mais, faz a própria vida de todos nós.
Expor-se, sair do lugar-comum, não deixa de ser uma virtude, ainda que enfrente crítica, que, afinal, é do jogo. É melhor marcar posição do que retirar-se de cena. Deve-se evitar, a todo custo, a omissão. Entregar-se é preciso!

Alfredo Domingos Faria da Costa



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