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Contos-->Dia do Aniversário -- 29/05/2010 - 18:42 (Alfredo Domingos Faria da Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Dia do aniversário

Tem dia que não acaba mais. Dia da Consciência Negra (o nome Zumbi pegou!), do Fico, da Independência, do Descobrimento, da Mãe e também do Pai, do Funcionário Público, dos Namorados (Ah! Que dia bom!), da Árvore, da Secretária (essa diz que o seu dia é todo dia), da Fortuna (traduzido em massa), do Emo, do Engraxate, do Imigrante, e vai assim até trezentos e sessenta e quatro outras datas.
Se o ano tem trezentos e sessenta e cinco dias, dito e lido na escola, então a conta não fecha. Falta um! Sim, é o dia do aniversário. Aí a matemática agradece. Fica completo.
O meu dia, o seu, dos anônimos mortais. Esse ninguém tira.
Eu gosto. Curto. Espero abraço, beijo, telefonema, e-mail, bilhetinho, recado. Todo e qualquer contato. Como gosto!
É bom começar desde que acorda. No café da manhã já tem amigo chegando todo animado, fazendo algazarra, roubando pedaço de pão da mesa, e o aniversariante ainda à meia-bomba, sonolento e remelento. Assim é maneiro!
Aquela tia lá de Minas liga, falando muito, desejando milhões de coisas boas, não dando chance para você agradecer. Ela também não quer ouvir nada. Só quer expressar o carinho. Deixa estar, que é bom!
O amigo sumido liga pro celular, bem na hora que você está no elevador. A comunicação é ruim. Começa brincando. Pergunta se reconhece a voz. Chama de ingrato. Xinga. Quase se esquece de cumprimentar, mas acaba dizendo que vive pensando nos bons tempos e recorda, ainda, de algum aniversário que foi engraçado. Termina os votos na hora exata que a ligação cai. Valeu, companheiro! Obrigado.
Janeiro, dia 8, é a data. Pra comemorar!
Quando garoto, ficava meio frustrado. Fazer aniversário nas férias é uma meleca. Todo mundo está fora. Saía catando gente para convidar. A parentada chegava, não negava fogo. Mas e o resto? Os amigos. O pessoal da rua, da escola, do clube. Ficava difícil encontrar. Era a turma da pá-virada, como dizia a minha avó, que provavelmente não sabia o sentido da expressão. Não desconfiava que nasceu da pá de pedreiro posta para baixo, conotando a parada no trabalho, a indolência, enfim, a vagabundagem.
Lembro da torta de chocolate com soldadinhos de chumbo colocados para enfeitar. Velas enfiadas. Sei lá quantas eram. Nove, dez - sei não. Docinhos rodeando. Gelatina com pedacinhos de maçã, no copinho. Mesa pronta. Tudo bacana! Choveu, choveu. A rua virou mar, não foi o sertão, não. A gelatina desandou. Ninguém apareceu. Um fiasco!
Mais taludo um pouco. O endereço foi Teresópolis. A caseira da minha mãe era boa de cozinha. Fez vários pratos. Desde macarrão, passando por saladas de tudo, até uma invencionice danada, frango com aspargos, que provocou uma diarreia daquelas. Os banheiros da casa não desocupavam. O Hospital São José da cidade recebeu alguns convidados. Que vexame!
Em outro ano, festejo também em Teresópolis, aconteceu grande surpresa. Era dia de semana, nas férias, é claro. Meu pai, no fim da tarde, levou como presente um fusquinha quase zero. Azul. Lindo de aproveitar. Foi o meu primeiro carro. O primeiro a gente nunca esquece, não é? Até hoje tenho relação afetuosa com fusca. Consegui manter um comigo, ano 1977, que não é mais o do aniversário, porém, trata-se de uma verdadeira joia. Não vendo, não empresto, sem transação com ele.
Já namorando, convidei o ex-futuro sogro para um churrasco surpresa/comemorativo no play. O velho muito do metido, ofereceu-se para fazer. Mal iniciou a preparação da carne, já estava de pileque. Descuidou-se com o álcool, o do carvão, e recebeu uma lambida do fogo, que produziu marca. Primeiro ficou sem pele no pescoço e rosto, depois rosado. Bom, mesmo, demorou a ficar, conseguiu quase no meu aniversário seguinte.
Os numerólogos de plantão defendem que o ano pessoal começa, na realidade, no dia do aniversário. Talvez. De certa forma faz sentido, à medida que ocorre um recomeço, surgem novas expectativas, reflexões atentas, esperanças, planos, tanta coisa... Há semelhança com a passagem de ano, momento no qual tudo isso vem à tona. Se bem que Drummond, na sua “Receita de Ano Novo”, não tergiversa, é contundente e realista, fechando o texto com a mensagem: “É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre”. O nosso poeta acerta no alvo quando joga pra nós toda a responsabilidade sobre o continuísmo ou a mudança. Enfim, “depende de nós”, com a licença de Ivan Lins e Vitor Martins. Justos pensamentos!

Alfredo Domingos Faria da Costa


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