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Contos-->Não presto, mas eu te amo! -- 12/06/2010 - 20:33 (Alfredo Domingos Faria da Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Não presto, mas eu te amo!

- Canalha! Safado! Pústula!
Na realidade, adoro quando sou xingado assim por uma mulher. Não considero desfeita, é elogio. Parece masoquismo. Cinismo. Somente parece.
Judith estava sempre reclamando. Raivosa, dizia que não me aguentava mais. Achava que eu aprontava.
Colocando panos quentes, eu rebatia:
- Ju, minha querida, eu te amo. Fica calma, foi só um deslize. Não repito, amor.
- Ju é o diabo que o carregue! Não venha, pois não terá. Chega de me fazer de trouxa – replicava ela, mais nervosa ainda.
Certa vez, chegou a me imprensar:
- Perdi o número das vezes que fui enganada. É com a moça do supermercado, que você se derrete. Eu vejo. É com a colega da empresa, a Rosinha, que estou sa-ben-do, o senhor anda arrastando as asas. E tantas outras na coleção. Agora, agora, com a minha prima. A minha própria prima, criada comigo feito irmã. É demais! Canalha, mulherengo! – desabafou, fervendo pelas tampas.
Nessas horas, eu ficava quieto. Fazia cara de chapeuzinho vermelho fugindo do lobo mau, meio que pedindo arrego.
Aí, aos poucos, ela recuava do ataque, refugiava o olhar através da janela. Arrefecia. O meu alívio começava, então. Fazia carinho, dava umas beijocas, e pronto. Conseguia me safar. Ufa!
A experiência demonstra que a mulher sacrificada pelo canalha pula, reclama, mas acaba cedendo. Mantém a esperança de obter a conversão do parceiro. Tem esse prazer recolhido. Persegue esse objetivo.
Porém, falando a verdade, confessando-me mesmo, cometi outra falha. Foi séria a coisa!
Fui um dia ao apartamento da Judith; tudo muito bem! Uma daquelas escapadas vespertinas, para me afogar, ou viver, nos seus braços, todo carente. Mal entrei, a criatura me atirou a sandália em cima, espumando de ódio. Não consegui nem perguntar o que sucedia. A mulher estava tresloucada. Descarregou a ira:
- Saraiva, seu canalha! Você não refresca ninguém. Soube da tal Elvira. Menina, nova, coitada. Trata-se do seu novo caso, né? Quer saber? Não entendo como arranja tanta energia. É deslavado! Fiz arroz-doce, aquele seu preferido, caprichei, toda boba, até que o porteiro interfonou dizendo ter alguém para subir. Aceitei receber. A sirigaita, pensando falar com uma irmã sua, não sei o porquê da invenção, soltou tudo, revelando estar apaixonada por você. Absurdo vir me procurar! Despachei na hora. Faltou pouco para lhe dar uns tabefes. Merecia a cachorra. Não, você é que merece. – jogou um sapato em seguida.
Não consegui contornar. Falou pelos cotovelos. Foi demais! Deu zebra!
Depois de tanto aborrecimento, dei o último bote no sentido da recuperação, para sair por cima:
- Decididamente, inapelavelmente, irremediavelmente, vou embora. Chega! Pra você me escorraçar desse jeito, não. Ficarei, de hoje em diante, apenas com a minha mulher, coitada dela. A Zena é que é mulher de verdade. Atura o nosso casamento e a mim há mais de vinte anos. Ali, firme. Não faz escândalo como você.
Bati a porta com força para abalar, de birra. Dei alguns passos em direção ao elevador. Parei. Queria escutar se chorava. Cá pra nós, saber do pranto conforta, eleva o moral. É uma das evidências de que o tranco foi sentido. A volta se torna viável.
Não é que não ouvi nada? Manteve-se dura, quieta. Bandida! Fui esnobado.
- Tchau! – murmurei finalmente.

Alfredo Domingos faria da Costa
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