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Contos-->Taxidermia -- 28/04/2001 - 22:07 (Eduardo Henrique Américo dos Reis) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
“Quando degolaram minha cabeça, passei mais de dois minutos vendo o meu corpo tremendo. E não sabia o que fazer. Morrer, viver, morrer, viver.”
Chico Science

Quando acordei pela manhã, após abrir os olhos ainda imóvel, notei que não estava em meu quarto. O teto era todo branco com uma luz muito grande direcionada para o meu rosto. Percebi também a presença de alguns homens que eu nunca tinha visto.
Tentei me mover e dizer alguma coisa durante muito tempo, mas não consegui. Eu ficava observando aqueles homens, que pareciam médicos, andando em minha volta. Usavam luvas cirúrgicas e roupas brancas, todos estavam empunhados de equipamentos médicos. Não sentia parte alguma do meu corpo, mas sabia que tinham me colocado sobre uma mesa de metal.
Um dos homens, um com cara de débil mental, se aproximou de mim e mediu meu corpo todo. Não parava de dar risadas. Se eu conseguisse me mover teria dado um soco bem no nariz dele.
Eles conversavam e conversavam. Falaram da bunda de uma enfermeira e tudo mais. Eu não entendia direito as palavras, acho que estava drogado... não sei, mas eu sabia que iria sofrer uma operação em poucos instantes.
Outro médico, este com uma cara desgraçada de viado, passou a mão no meu peito e pegou em meu pulso. Com a ajuda de um bisturi, cortou meu dedo indicador fora e depois colocou minha mão na boca e começou a chupar o sangue que jorrava. Limpou os lábios na própria camisa e guardou meu dedo no bolso.
Foi a coisa mais estranha que já vi. O pior é que ele fez isso disfarçando, como se os outros caras não pudessem ver. Até parece que eles não iriam sentir falta de um dedo!
O débil mental, voltou a se aproximar. Olhando para o meu rosto, agora com um olhar muito sério, inseriu alguns pedaços de algodão no meu nariz e nos meus ouvidos. Eu não sentia, mas sabia que aquele algodão estava molhado com alguma coisa. Sem nenhum cuidado, abriu a minha boca e colocou um monte de algodão bem lá no fundo da minha garganta. Repetiu este processo no meu ânus.
Uns vinte minutos depois, um terceiro médico, até que simpático, fez um risco de caneta no meu peito. Do umbigo até o pescoço. E carinhosamente disse para eu ficar tranquilo que não ia doer nada. Então pegou alguma coisa cortante e abriu meu peito na mesma medida que tinha riscado. Depois de aberto e de sujar a sala toda branquinha com meu sangue, precisou da ajuda dos outros homens para abrir minhas costelas como se fossem uma janela.
“Pode trazer a bacia!”, gritou o débil mental, com a cabeça para fora da porta. E enquanto a tal bacia não chegava, eles iam arrancando meus órgãos de dentro de mim e jogando no chão.
Eu achei aquilo muito interessante, pois nunca imaginei que um dia veria o meu intestino, meu estômago e meus pulmões. Eu sempre soube que aquelas coisas todas estavam aqui dentro e também sabia como funcionava, mas nunca imaginei que poderia vê-los assim, bem na frente dos meus olhos!
Logo quando uma enfermeira gostosona entrou na sala, os homens terminaram de tirar todo o meu recheio. Colocaram tudo na tal bacia e o médico simpático disse: “Agora leva pra cozinha, antes que apodreça!”
Daí o homem com cara de viado, aquele que roubou meu dedo, trouxe uma maquininha que fazia um barulho chato, colocou um negócio parecido com um canudo de metal dentro do meu peito oco que sugou o resto do meu sangue. Eu acho que se tivesse sentindo alguma coisa, aquilo iria me fazer rolar de rir. Já imaginou alguém fazendo cócegas na parte de dentro das suas costelas? Eu iria me mijar de rir.
O médico simpático voltou para perto de mim e, agora sem nenhum esforço, tirou o canudo do meu peito e devolveu minhas costelas no devido lugar. Com uma agulha de uns quinze centímetros mais ou menos, costurou o lugar onde me abriu. Depois do serviço feito, os três homens se aproximaram e com um pano velho cada um, limparam o meu tórax e todas as partes ainda sujas de sangue.
Eu fiquei espantado com o trabalho daqueles homens! Apesar do viado ter roubado meu dedo, eu fui muito bem tratado! Gostei mesmo! Principalmente do médico simpático! Esse sim é um profissional!
“É...ficou bom!”, disse o débil mental. “Uma pena que os órgãos não estavam bons para serem vendidos!”, suspirou o simpático. Alguns segundos depois, o viadinho ladrão de dedos perguntou: “Quando o museu vem buscar a peça?”.
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