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Artigos-->Viagem ideológica -- 19/01/2003 - 12:08 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Eu estava viajando de madrugada, lá pelas bandas de Guarapuava, cidade paranaense onde o frio é a marca registrada, não muito distante de Laranjeiras, terra de gente esquentada.

No meio da noite o rádio do fusquinha ficou ruim e tive que me contentar com as poucas rádios que o infeliz permitia que chegassem ao meu contato.

Depois de uma chiadeira de meia hora surgiu uma música marcial, hino europeu. Era a Rádio Nacional de Praga, capital da então Tchecoeslováquia, dissolvida junto com a queda do muro de Berlin e a perestroika.

O ano era 1988, e naquela época ainda existia uma briga ideológica das boas, que dividia o mundo em capitalismo, socialismo os não alinhados, como era o caso do Brasil, Índia e outros tantos. Alinhados com a pobreza e a miséria, tentando sobreviver ao debate ideológico entre Adam Smith e Karl Marx.

O programa em português me avisava: " Mais uma vez o imperialismo norte-americano foi derrotado nas Olimpíadas de Seul. Os bravos atletas da União Soviética e das repúblicas democráticas do leste europeu venceram as provas de natação, etc. O imperialismo decadente e mercenário coleciona derrotas onde o esforço das nações proletárias obtém vitórias. O primeiro ministro... congratula-se com o povo, verdadeira força de conquista para uma nação". A transmissão durava não muito tempo. Não sei se era coisa dos milicos ou se a antena da África do Sul era melhor.

Logo começava a Rádio Nacional do Cabo, difundindo em português um programa que criticava os comunistas, mostrando a vitória das forças democráticas africanas sobre os exércitos angolanos e moçambicanos, criticando Roberto Mugabe e atribuindo toda a desgraça da guerra ao regime apoiado por Fidel Castro e outros indivíduos que desejavam destruir a liberdade democrática na África livre.

Sabendo que os dois lados contavam mentiras, eu continuava a minha viagem, pensando quando é que o mundo teria condições de evoluir, sair daquela encruzilhada de bobagens, visualizando os altiplanos cobertos de orvalho a caminho de virar geada.

Na fria estrada de Guarapuava eu contemplava o futuro mais justo, quem sabe, onde as ideologias poderiam melhorar a condição humana.

As viagens um dia terminaram, mas a esperança continuou mais um tempo. Acabou ficando lá naquelas serras, onde o vento arranca a orelha dos viventes, e o gelo congelou a alma dos dirigentes neoliberais.
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