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Cronicas-->O VALOR DE UM CARIMBO -- 31/08/2006 - 00:57 (Anselmo Cordeiro de Oliveira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Da série "Nelson Rodrigues Renascido"

... antes de falar da obra da Maria Inês Simões, devo ressaltar que, até onde sei, somente eu me ocupo de dar uma resposta àqueles que me enviam as suas composições literárias.

___________________________________________________________________________

Estou cogitando de lançar um carimbo na Internet Literária, um carimbo que deverá ser usado por certos autores em todas as obras que são enviadas às caixas postais, ou que são postadas em grupos literários ou em sites pessoais. Não encontrei ainda um nome apropriado para esse tipo de sinete, e espero encontrar um no decorrer da crónica; mas cabe aqui uma pergunta: para que serviria esse tal carimbo? Antes de responder à questão ou até para melhor respondê-la, convido os meus pacientes e minguados leitores a analisarem o episódio que me aconteceu há poucos dias. De dizer que não é o primeiro. Já me aconteceram outros, que, inclusive, deram origem a algumas das minhas crónicas, e, para evitar um desnecessário suspense, digo logo que o episódio refere-se àquele exercício que é praticado por quase todos os que escrevem na Internet: o de enviar os seus escritos à comunidade literária. Pois bem; até aí, "morreu o Neves", como diria o Raymundo Silveira, que adora fazer uso desses chavões. Não há nada de mal em divulgarmos as nossas obras, e, se vaidade é defeito, este é o principal nos artistas, sejam eles de que área for. Por aí, o pintor quer os seus quadros bem vistos em exposições de arte; o literato quer que leiam as suas letras; o cineasta quer os seus filmes em cartaz nos melhores cinemas, e assim acontece com todos os que criam. Logo, não vai aqui nenhuma condenação àqueles que se dedicam a divulgar os seus feitos artísticos, até porque a divulgação é consequência lógica da criação. Para fechar o parágrafo, não custa lembrar que os meios de divulgação são, basicamente, três: os autores, ou enviam as suas obras, via mensagem de e-mail, a destinatários, cujos endereços são coletados na comunidade literária; ou postam-nas em grupos de literatura; ou limitam-se a colocá-las em site próprio. Maria Inês Simões, protagonista de episódio referido acima, escolheu o primeiro desses caminhos, o das mensagens, para enviar-me a sua composição, que, para melhor entendimento da crónica, transcrevo abaixo:
____________________________________________________________________________

... a miúde ...
(Maria Inês Simões)

A vida lhe passava como repetidas formas de espera.
Nas mãos a velocidade de quem procurava palavras-sentimentos.
Nada tinha de especial, a não ser a mesmice história de buscas-eternas.
Encontrava passageiros de sonhos inacabados, enquanto voltava a dormir.
E, acordava-esperança.
Amanhã sempre será o espaço de um tempo, onde o hoje, jamais retorna.
Pensava... Acreditar...

Amanhã talvez...
O tempo cansado de seguir, retorne do passado em repetidos passos.
Ou estagnado com o presente,
resolva dar passagem ao futuro no que há-de-ser.
Eterno.
Perspectivas insólitas. Quimeras.
_____________________________________________________________________________

Em crónicas anteriores, discorri sobre esse exercício divulgador, ocasião em que frisei sobre a importància de comentarmos sobre as obras que são enviadas às nossas caixas postais, de modo a atender às naturais expectativas do autor remetente. Afinal, se alguém escreve e envia o seu escrito a trocentos endereços, quer, certamente, ser lido, e o único modo possível de provar ao remetente que lemos o seu trabalho é comentá-lo. Visto que comentários ao que escrevemos constituem uma raridade, é de se imaginar que, em acontecendo até mesmo um único, devemos concluir, em homenagem à lógica, que o reparo feito por qualquer leitor há de ser recebido festivamente pelo autor do texto, pouco importando se o comentário é azedo ou doce. Afinal, temos, nas palavras do comentarista, a certeza de que pelo menos um dos leitores deu atenção ao que escrevemos, e, dependendo de como foi comentada a obra, pode até acontecer de sermos brindados com alguma dica interessante que pode nos ajudar a escrever melhor. Mas justamente aí, na recepção ao comentário, é que a "porca torce o rabo" - Arre! Olhem aí o Silveira, o meu Alceu de Amoroso Lima das minhas crónicas rodrigueanas, a me contaminar de novo com os seus clichês.

Prosseguindo e, antes de falar da obra da Inês, devo ressaltar que, até onde sei, somente eu me ocupo de dar uma resposta àqueles que me enviam as suas composições literárias. Não o faço sempre, porque não tenho o poético poder de paralisar todos os relógios do mundo, mas, quando o faço, busco ser o mais sincero possível no meu comentário, venha a obra de estranhos ou de amigos. Agora há pouco mesmo, recebi o poema "Alínea" do Gerson F. Filho; aliás, não é poema; é prosa poética, e o colega certamente desconhece o meu entusiasmo quase nulo em relação a esse tipo de composição, senão, não teria consumido parte do seu precioso tempo em enviar-me coisa que não atende ao meu gosto. Mas a Maria Inês Simões, esta eu posso apostar que sabe muito bem do meu gosto. No entanto, eis que a mesma se acha de me enviar a composição transcrita acima, construída, como podem ver, em versos livres. Ora! Não é novidade alguma, nem para a colega remetente, nem para muitos outros, que, em termos de gosto poético, sou uma consumada múmia. Poesia, para mim, precisa ter, obrigatoriamente, rima, métrica e fechamento. Um poema, na minha conservadora concepção, há de ser, sempre, uma história resumida em versos. Vez que exceções cabem em qualquer regra, sou forçado a admitir que é possível encontrar poesia numa composição de versos brancos, ou seja, sem rimas, e sem compromisso algum com ritmo (métrica), e eu mesmo cheguei a fazer alguns poucos e mal sucedidos experimentos com as tais prosas poéticas; mas para mim, pelo menos, encontrar poesia nesse tipo de obra é quase uma impossibilidade; até porque, ao pegar uma dessas numa mensagem, sinto logo, nas primeiras linhas, que se trata de prosa e, incontinenti, aciono o Alt + F4, seguido de um Delete. É que, tentar encontrar poesia nesse tipo de obra corresponde, em relação ao meu gosto, ao mesmo que "procurar agulha em palheiro" (Droga! Outro estereótipo! Não devo mesmo ler mais as crónicas do Silveira). Ocorre que, às vezes, dependendo de quem escreveu a obra, acabo abrindo uma exceção e leio a bendita prosa de cabo a rabo. Foi o que aconteceu com a composição da Inês. Afinal, a autora da tal prosa ocupa a cadeira 1 da AVBL, sigla que corresponde ao pomposo nome que ela deu ao seu site, Academia Virtual Brasileira de Letras, que congrega em seu quadro um expressivo número de poetas e escritores. Não cabe aqui entrarmos em considerações sobre a legitimidade dessa academia, entrando em exames sobre a forma como foi criada, tampouco se os membros da mesma foram colhidos a laço na Internet, ou se, supostamente, foram selecionados, para, ao serem admitidos na entidade, merecerem o título de acadêmico. Aliás, depois que vi o Paulo Coelho ser convocado para ocupar uma das cadeiras da nossa ABL, acadêmico e joão ninguém passaram a ter, para mim, a mesmíssima importància. Também não tem peso algum em meu julgamento o fato de site tal ostentar o carimbo da UNESCO, vez que, pela quantidade e discutível qualidade dos que estão relacionados no site daquela entidade internacional, dá pra ver logo que os critérios de seleção devem ser bem parecidos com os da casa da mãe joana. O que me levou a ler a obra da colega Maria Inês não foi o fato de ela ser a fundadora ou presidenta ou a dona da cocada preta dentro da tal academia, tampouco pelo fato de a sua AVBL exibir também, tal como acontece até no site do "Eu Sozinho", o logotipo da UNESCO. O que me levou a comentar o seu "a miúde", escrito assim mesmo, onde transforma o advébio "amiúde" numa inventada e inexplicável locução adverbial, foi o fato de, junto com ela, na tal academia, haver essa tal quantidade de amantes das letras, pouco importando se são ou não acadêmicos; e, em consideração a eles, e não a uma Maria Inês ou Fulana dos Anzóis, é que resolvi examinar a obra da tácita representante deles. Estabelecido, portanto, esse paràmetro de valores, emiti o seguinte comentário à obra:
____________________________________________________________________________

Descrição, que pretende originalidade, mas que permanece num labirinto sem solução. Como desgraça pouca é bobagem, faz relação incompreensível com o título e ainda planta vírgulas entre sujeito e verbo, que irritam a Gramática.

Composição bem fraca. Numa escala 0/10, leva 2.

Como de hábito, enviando para a Comunidade Literária. Afinal, há gosto pra tudo.
____________________________________________________________________________

Ao que a autora Maria Inês Simões respondeu nos seguintes termos:
___________________________________________________________________________

"(rs) o santa ignorància

quando vc vai conseguir enxergar os verdadeiros objetivos?

estuda menino... estuda...".
____________________________________________________________________________

Respondi, agradecendo pela inspiração que, na sua resposta, encontrei para a próxima crónica, que vem a ser esta que estão lendo, e sequer comentei sobre a sua exortação a que eu fosse estudar, embora tivesse vontade de perguntar se havia vaga na sua academia, onde eu poderia aprender interessantes e sensacionais regras de pontuação e engenhosas formas de criar locuções. Mas foi ali, na sua desengonçada resposta, que surgiu a idéia daquele carimbo, cujo nome eu não conseguia criar, mas que, agora, acabei de encontrar: INCOMENTÁVEL. Os raimundos silveiras, as marias inês e todo os que, como os primeiros, se acharem os bambas das letras, as supremas excelências no que e no modo como escrevem, poderão, então, fazer uso do carimbo INCOMENTÁVEL na margem superior do texto, ficando livres de qualquer reparo. Ainda que, a exemplos dos silveiras, encham as suas crónicas de chavões e dêem a elas um fim abrupto ou sem criatividade, ou que, no caso das inês, agridam a Gramática, plantando vírgulas a torto e a direito, inclusive entre sujeitos e verbos, e componham versos que não têm compromissos algum com técnicas de construção poética, estarão, no uso daquele sinete, protegidos contra qualquer tipo de menosprezo. Vejam bem o valor do carimbo. Por ele, ficaremos cientes de que obras de determinados autores só admitem confetes.

Os purista do idioma certamente hão de me levar ao cadafalso, destinado aos agressores da Língua, por conta do neologístico INCOMENTÁVEL; mas, aí, apelarei ao princípio da igualdade: se qualquer um pode inventar uma academia não sei das quantas, criada assim como é criado um bloco carnavalesco, que faz base no boteco da esquina, por que não posso, então, criar uma palavrinha, só para dar uma ajudinha aos que, sendo excelentes escritores e poetas, paradoxalmente, não suportam comentários depreciativos sobre as suas "belas" letras? Ah! Dá um tempo; né?
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