O tempo,
Implacável senhor da vida,
Célere passa.
Com ele, a vida
Célere passa também.
Das crianças o tempo tira
A pureza e a inocência,
A tranqüilidade,
A ingenuidade,
O não dar conta da vida,
A capacidade de perdoar
A quem os magoa,
Ao findar a infância.
Dos jovens,
Ao término da mocidade,
O dragão tempo
Retira a febre da razão,
Os sonhos, a energia,
Os ímpetos e as esperanças
De um dia mudar o mundo.
O perverso tempo
Leva os adultos a se acomodarem
Na luta do dia-a-dia
Pelo sustento da vida
Por um longo período
De mais de três décadas
E a se alienarem.
Mas cruel mesmo
É o tratamento que o tempo
Dá aos idosos.
Torna difícil a vida
Com tropeços, quedas,
Dores, tristezas,
Mágoas, abandonos, solidão.
Ora inocula uma doença,
Ora outra, ainda outra.
O malvado tempo
Então o abandona,
Larga-o, derrama-o,
Pois o idoso não consegue
Passar com a velocidade
Que o tempo requer.
Largado, derramado,
Exausto, derrotado,
O idoso perde então a vida.
Ao famigerado tempo
Tudo se rende
Tudo passa
Como o tempo passa.
|