No último período eleitoral tive a oportunidade de entrevistar mais de 50 candidatos a vereador, e alguns foram interessantes; outros, sinceramente, não sei por quê acharam que tinham alguma chance de colaborar com a sociedade, tal o grau de descompromisso apresentado em poucos minutos de conversa.
Dois dos indivíduos despertaram até minha ira, pela falta de entrosamento com o meio social em que vivemos, especificamente a cidade de Porto Velho. Para dizer a verdade, eles não serviam para atuar em nenhuma cidade deste país, tal o grau de ignorância sobre o que é legislar para as massas.
Engano se o leitor julga que os dois eram semi-analfabetos. Os indivíduos eram portadores de diplomas.
Apenas não entendiam como alguém pode ser pobre ou se conformar com a pobreza, desconhecendo o fato que a sociedade é toda dirigida para que apenas uma minoria , à qual pertencem, tenha um padrão de vida elevado.
Não se trata apenas de sedimentação dos conceitos de Lamarck ou Darwin, onde muitos buscam a explicação para a evolução social. Isto não serve como base de apoio numa sociedade mais complexa, como é o caso da humanidade.
Temos tantas variáveis envolvidas no processo que seria até difícil enumerá-las sem causar cansaço.
Percebemos que indivíduos que trabalham com pessoas de todos os níveis sociais não conseguem ter o mínimo de sensibilidade para entender o processo político que se desenha em seu redor.
Quando temos um político que emerge de classes econômicas inferiores e delas se distancia é até compreensível. Quando um político oriundo das classes mais abastadas prefere a união com populares idem.
Mas um indivíduo repetir a insana frase atribuída a Maria Antonieta durante a eclosão do movimento rebelde do século 18 é inadmissível nos tempos atuais.
Antonieta teria dito que os pobres revoltados pela falta de farinha de trigo deveriam parar de comer pães e optar pelos brioches, segundo historiadores maldosos. Guilhotinada ou fuzilada na França, pagou o preço da bravata.
Eu prefiro manter o anonimato dos envolvidos, por questão de ética. Eles têm uma utilidade social, apesar de tudo.
Mesmo sem saber por quê, eles concorreram pensando que tinham chances, com toda aquela arrogância. E o que é muito bom para toda a sociedade local, ganharam. A experiência da rejeição popular.
Ouvi dizer que um deles estava concorrendo de novo, a pai mais querido do Estado. Parece que leva o voto de seu filho único. O outro concorre também a marido que tem a esposa mais fiel de Rondônia. Merece o título.
Eleições justas. A sociedade não terá nada a perder. Tem até gente comemorando antecipadamente.