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Artigos-->Trabalho x personalidade -- 19/01/2003 - 17:44 (Fernando Antônio da Silva Júnior) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Trabalho x personalidade



O francês Laurent Cantet realizou em 2002 "A Agenda" (L Emploi du Temps), um belo drama com toques de humor negro sobre nossa relação com o trabalho - mais precisamente, o emprego.



Vincent é demitido de uma empresa para a qual trabalhou 10 anos, mas não consegue contar para sua família. Passa seus dias viajando pela França, mantendo os itinerários do tempo em que trabalhava como consultor. Inventa um novo e nobre emprego numa ONG para agradar à família.



Daí por diante, Vincent mergulha numa espiral descendente de truques, mentiras e ilegalidades. Perde o rumo e sua identidade - melhor parar por aqui para não estragar o final.



Interessante - e igualmente inquietante - perceber o quão fortemente deixamos o trabalho - mais precisamente, o emprego - definir nossa identidade, mesmo quando a atividade exercida não é fruto de uma escolha apaixonada e/ou altamente planejada. Esta questão parece ainda mais fortemente enraizada no subconsciente masculino.



No atual momento histórico de agilidade e constantes imprevistos, atermo-nos a esse velho paradigma pode ser altamente perigoso. Está cada vez mais difícil permanecer por dez anos em uma empresa, como Vincent. Rareia igualmente a condição de se manter empregado em empresas diferentes por uma década.



Embora seja necessário de nossa parte um tremendo empenho psicológico para tornarmo-nos menos suscetíveis a um fenômeno tão fortemente enraizado no inconsciente individual e coletivo como esse, torna-se imperativa uma mudança interior.



Fórmulas para se manter "empregável" já foram - e continuam sendo - exaustivamente discutidas: manter-se estudando, exercer atividades paralelas como escrever para uma revista do ramo, enxergar-se "como uma empresa", etc, etc.



Descartadas algumas dicas americanóides e um tanto desumanizantes - "você é um produto!" -, evidente que a maioria dessas dicas é de grande valia.



Mas observemos a tendência de enxergarmos a maioria delas como uma forma de se manter empregável. Logo, não tocam na questão muito mais delicada do "nome da empresa é meu sobrenome".



Então, como agir? Como deixar de ser tão frágeis "vítimas potenciais" desta armadilha? Simples de falar, duro de fazer: lembrando-nos constantemente, em nosso escasso tempo, de procurar manter atividades absolutamente não correlatas com o trabalho que exercemos.



Por atividades, não confundir com ler um romance ou assistir um filme no tempo livre - estes são passatempos em que frequentemente tornamo-nos "passivos", sendo mais eficazes como formas legítimas de alienação.



Significa, mais do que isso, envolver-se em uma segunda atividade produtiva: tocar em uma banda, fazer trabalho voluntário, escrever críticas de filmes, vai do gosto de cada um.



Esta postura de investir em outra faceta de nossa personalidade já é amplamente discutida e inclusive recomendada por algumas empresas e revistas de negócios.



Entretanto, a forma descrita por esses meios para encararmos a atividade e a contextualização da proposta é frequentemente demasiadamente pragmática: as empresas por vezes se usam dessas atitudes para fazer marketing, e o indivíduo acaba enxergando uma nova oportunidade para fazer "networking" e trocar cartões de visita. Válido? Sim. Mas foge da proposta.



Cabe a nós mesmos, ao exercer atividade(s) paralela(s) estabelecer limites. Somente desta forma, poderemos, verdadeiramente, ser "fulano, analista de sistemas e guitarrista da banda X". No momento em que passamos a nos enxergar como multifacetados, tornamo-nos mais livres interiormente.



Fernando Silva

11.1.3

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