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Contos-->A lâmpada -- 27/07/2010 - 08:09 (WALTER MEDEIROS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A LÂMPADA
Walter Medeiros
A tarde ia caindo naquele pequeno condomínio, composto por cinco casas iguais, ocupadas por pessoas de duas famílias. Um comerciante, seo Carlos, um militante político, seo Marcos, uma praça reformada da Marinha, seo Waldir, um motorista aposentado, seo Antônio, e um jornalista, seo Sérgio, eram os chefes-de-famílias. Ali viviam com as respectivas mulheres e cerca de vinte filhos, das mais variadas idades. Todos viviam na maior harmonia, lá nos anos oitenta.
Seo Antônio estava preocupado com pequenos incidentes envolvendo descuidistas que rondavam a área e já haviam levado botijões de gás, dinheiro e outros objetos. Ele temia que algo ocorresse com as jovens que toda noite saíam para o colégio e voltavam depois das dez horas. Por isso, sugeriu a seo Carlos que instalasse uma lâmpada na frente da sua casa, próximo ao portão de acesso ao condomínio. Seria uma forma de melhorar o aspecto e dar mais um pouco de segurança.
- Não tem necessidade, seo Antônio – respondia sempre seo Carlos.
- Mas essa escuridão na sua casa pode ser ruim até para o senhor – repetia seo Antônio, sem convencer o vizinho.
Passadas mais umas semanas, seo Carlos saiu com a família para passar uns dias numa casa de praia, onde curtiria sua filha que morava em Brasília e estava de férias com o marido e filhos. Uma das filhas dele era casada com um oficial da Marinha, que por algum motivo deixou a sua espada sob seus cuidados. Era uma honra para ele guardar aquela arma tão importante.
Intrigado e insatisfeito com a teimosia do vizinho, que não admitia a necessidade de preocupar-se com a segurança da entrada do condomínio, seo Antônio resolveu se vingar na sua ausência. Pegou um facão e, certificando-se de que agia sem ser visto, foi ao oitão da casa de seo Carlos. Enfiou o facão pelas persianas da antiga janela, quebrando várias tábuas, para simular a ação de um suposto ladrão.
Dias depois, ao voltar, seo Carlos bradou para todo o condomínio o que teria ocorrido: um ladrão teria tentado entrar na sua casa e ninguém vira. Era, para ele, uma prova de insegurança.
- Seo Antônio, vamos instalar a lâmpada hoje mesmo! – exclamou para o vizinho, que se voltava para ele reforçando todos aqueles antigos argumentos.
- Isso mesmo, seo Carlos! Essa lâmpada vai beneficiar a todos.
À noite, lá estava a entrada iluminada. A curiosidade geral dos moradores transformava a cena numa quase inauguração. Entre eles, lá estava Waldir, o marinheiro, filho de seo Carlos, contando para todos, incusive visitantes que chegavam das adjacências:
- Agora fica melhor para quem sai e chega, pois meu pai quer a segurança de todos. Ele é muito valente. O ladrão tentou entrar pela janela do oitão e ele enfrentou usando a espada do meu cunhado. Botou o ladrão para correr...
Seo Antônio ouvia calado aquelas mentiras do vizinho, que empostava a voz sempre que conversava com alguém. Até porque para ele, com aqueles cabelos brancos e o respeito que detinha naquela pequena comunidade, não ficava bem contar a verdade daquele fato.
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