Voar era meu viver
Por distantes terras,
Sobre verdes matas,
Prados, rios
E lagoas azuis.
Passava o tempo a cantar
Nunca só, sempre em grupo,
E buscar na mãe natura
Dia-a-dia o sustento.
Livre como o vento
O limite era o céu
De lindo azul transparente.
Hoje aqui, amanhã ali,
Gozava total liberdade
De ir, ou vir, ou estar.
Eis que um dia
Num sobrevôo urbano
Acabei prisioneiro
Metido numa gaiola.
Apartado de minha natural moradia,
Dos companheiros e da namorada,
Acabou o meu cantar.
Meu grito é o sentido choro,
É o triste soluço,
É o lamentoso gemido,
É a lágrima que rola
Pela perdida liberdade.
Não me compreendem,
Não me soltam.
Como é triste a minha sina
De todo o espaço do céu
Acabar, entre grades, num limitado espaço.
Eu imploro, por piedade!
Soltem-me, deixem-me voar.
Não nasci para estar entre grades.
Quero voltar aos meus amigos,
Quero voltar à minha namorada.
Quero e peço que me soltem,
Quero estar no meu natural habitat.
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