Canta-me o ventre
a vontade de ser terra desbravada.
Mas não deixo meu homem tatear às cegas por caminhos ermos.
Ofereço-lhe as curvas do meu corpo como mapa,
minhas coxas como estrada.
Aceito o canto do desejo em corpos e ventres como amante desbravador
Preciso ser guiado em arrepios para percorrer vales matas lagos e rios
Tudo pelo teu delírio
Inclino-me
sou teu homem
Contemplo as curvas do teu corpo poderoso mapa
Rastejo-me e beijo a estrada que me guia na fantasia
E o fogo faz surgir novos elementos...
és meu homem
delírio em fogo
que meu horizonte abarca
invadindo meus domínios
arrancando-me gemidos
fazendo-me flutuar.
Sob teu corpo
me transformo em ave
e contigo alço vôo
traçando a rota do ar.
És minha mulher
e em êxtase flutuante
estamos juntos a planar
Nos delírios inflamáveis
a transformei em ave
para voar atracado a ti
e como bom timoneiro
quiçá navegador
de posse do mapa
desvendo os teus mistérios
sigo a trilha em rota certa
descubro a nascente das águas
umideço-te e rios se formam
ofereço-lhe o timão
e navegamos juntos em prazeres
tendo-te como guia
Cachoeiras se formam nas tuas curvas
meandros
morros
cavernas
No ápice do prazer
na plenitude dos desejos
juntos chegamos aos píncaros
e torna-se impossível o transbordar
abrem-se as compotas
e líquidos se misturam
na explosão e fusão
dos quatro elementos
evapora-se a água em combustão
e segue o ciclo
enquanto descansamos úmidos
temos sede
que venha mais água.