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Cronicas-->A TERRA DO NUNCA -- 11/12/2000 - 11:01 (José Renato Cação Cambraia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A TERRA DO NUNCA

Esses dias tentei imaginar o que teria acontecido comigo se todos os meus sonhos, minhas expectativas e elucubrações fantásticas da minha infància tivessem se realizado completamente. Não me refiro somente às coisas que sempre quis mas nunca ganhei, como uma espingardinha de pressão (meu pai achava perigoso... vê se pode... um inofensivo brinquedo que atira pedaços pontiagudos de chumbo a 300km/h!) ou o minibug Fapinha (com motor a explosão e até càmbio!), pois em relação a brinquedos, fui uma criança extremamente (e talvez até exageradamente) satisfeita.
Eu me refiro principalmente às coisas que imaginava que iria fazer, profissionalmente e familiarmente, como "quando eu tiver meus filhos, eles só vão comer chocolate... pra quê comer comida se existe chocolate, que é muito mais gostoso?" ou "quando eu crescer vou jogar no Corinthians" (por favor, sem piadas...), ou ainda "minha casa vai ser um forte-apache gigante". Se isso tivesse acontecido, provavelmente eu estaria instalando os painéis solares na Estação Espacial Internacional, pois a minha profissão preferida naquela época era a de astronauta.
Logicamente as coisas vão mudando, a gente vai amadurecendo e perdendo esses desejos infantis. Hoje meus sonhos são completamente diferentes: queria um Jeep Cherokee e uma 9mm automática. Mas ainda queria jogar no Timão. E se a Nasa aparecer por aqui com alguma proposta, eu topo na hora.
Brincadeiras à parte, muitas coisas que eu pensava e sonhava em fazer quando ficasse velho acabaram se perdendo no conturbado turbilhão de hormónios, insatisfações e inseguranças da adolescência, quando fui obrigado a participar de coisas que sempre detestei (como dançar em bailinhos) e comecei a gostar de coisas que nunca tinha reparado que existiam (como as meninas e as revistas de mulher pelada). Aliás, ver uma mulher pelada não era tão fácil como é hoje. Tínhamos que fuçar nas gavetas proibidas do primo do Marcelo, o Alexandre, que era uma fonte de tudo o que pode existir de mais errado (e necessário) para a formação de um adolescente mentalmente sadio.
Passada essa fase (é, meu jovem, não esquente que isso passa... um dia sua voz não parecerá mais com a de um ganso), sinto que minha cabeça está mais próxima da minha infància do que nunca. Além de poder ir à banca e comprar qualquer coisa que eu quiser, posso afirmar livremente que eu odeio Carnaval! E que não sou nem um pouco fã de cerveja, pois troco até uma caixa inteira por um Milk-shake de Ovomaltine do Bob´s de 700ml.
O primeiro livro que comprei, numa livraria da rua Augusta, foi O Menino Maluquinho, do Ziraldo, quando eu tinha 6 anos. Li o livro no carro, e quando cheguei na casa da minha tia, li de novo. Reli o livro muitas vezes depois, e ele continua ótimo. Mas aí o livro sumiu de casa, lá no começo da década de 80. Até que esses dias encontrei uma versão pocket do Maluquinho e não resisti....
"Síndrome de Peter Pan?" É você quem diz, caro analista de plantão. Mas devo lhe dizer que hoje eu me sinto muito bem no meio dos meus brinquedos, como a minha velha zarabatana (com a qual posso acertar o olho de uma pessoa a 20 metros de distància), da minha besta com setas de ponta de aço que perfuram tábuas (e matam um gato facilmente), minha coleção de canivetes suíços, minha retroescavadeira Caterpillar de controle remoto e dos meus jogos de computador*, pois sei que, num futuro próximo, se eu não levar meu moleque, voando pela janela, pra viver incríveis aventuras na Terra do Nunca, quem irá fazê-lo? E nem quero imaginar o que será dele se ninguém o fizer.

A SEMANA - 09/12/2K

*X-wing, Tie-fighter, Warcraft, Starcraft, MS Combat Simulator. Na verdade, não são joguinhos, e sim simuladores, por favor. Coisa séria.
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