Não sei se foi por que o Brasil conquistou o pentacampeonato de futebol mundial com o trabalho do teimoso, porém incansável Luís Felipe Scolari, ou se foi pelo término do primeiro semestre da faculdade, mas o fato é que consigo sentir hoje, 3 de julho, uma sensação que se aproxima da leveza do ser. É um momento que pode durar apenas o suficiente para escrever algumas linhas, talvez um dia ou uma semana, mas tem a mágica da incerteza, o que torna a vida emocionante.
Quem já viu o trabalho do Scolari antes sabia que o homem consegue trabalhar em times considerados apenas médios e descobrir os talentos dos jogadores. É o que tento fazer ao lecionar. Não estimular estrelismo, mas sim a capacidade dos alunos em descobrir o potencial inerente a cada um, de forma a alcançar quando possível, o momento da leveza, que é breve, mas inesquecível.
Mas a leveza é insustentável, como bem disse o eslavo Milan Kundera, em a "Insustentável leveza do ser".
Para alcançar a leveza fugimos do "kitsch", que é a conformidade, a sobra, o resto, a mediocridade, entre outras palavras mais amenas. Entre os eslavos o sentido é outro, mas o termo tem o sentido indicativo de tudo o que não presta.
Felipão conquistou o título por sempre fugir do "kitsch". Como jogador de futebol era um esforçado quebrador de canelas. Mas como treinador se tornou um grande quebrador de egos, principalmente dos jornalistas especializados. E foi campeão pelo CSA de Alagoas, Criciúma, Grêmio, Palmeiras e Cruzeiro, para delírio de setores acostumados a verem apenas times do eixo Rio-São Paulo brilhar, claro, muitas vezes com o "apito amigo", ou as poderosas coligações etnocêntricas da mídia central do Brasil.
Luís Felipe conseguiu alcançar seu momento de leveza, após um bombardeio que tornou durante meses sua vida quase que uma insustentável algaravia, legítima situação de confusão de quem ocupa o cargo de treinador do selecionado brasileiro. E tem que saborear, pois a vida é doce por um momento, e nos outros é vida.
Estou aproveitando um momento de leveza para compartilhar da glória do trabalho do meu ilustre conterrâneo, que já me deixou feliz outras vezes, dirigindo o Grêmio, e também para comemorar o fim do primeiro semestre do curso de Jornalismo, onde os alunos conseguiram demonstrar que têm talento, e com certeza o tempo vai apontar as futuras estrelas. Para alguns falta apenas o diploma, pois já possuem o brilho, para outros, a noção de trabalho em equipe mostra o caminho para brilhar, mas hoje quem brilha sou eu, que consegui dormir segunda-feira, sem insônia, pela primeira vez em alguns meses.
Vou aproveitar meu momento de insustentável leveza do ser, e que seja eterno enquanto dure, como diz Vinícius de Morais. |
