O mês de maio tem muitas datas curiosas. No dia 1º comemora-se o dia do trabalhador. Não sei como comemorar a escravidão institucionalizada, a exploração do homem pelo homem. Mas vá lá.
Depois tem o dia 13, Libertação dos Escravos. Liberdade relativa, apenas para que os cidadãos alijados de direitos vindos da África e outros cantos entrassem no mercado de trabalho, baixando os salários dos operários brancos e mestiços, obrigando todos os pobres, de todas as cores, a submeter-se aos caprichos do Império Britânico, que dominava o território brasileiro.
A liberdade foi concedida sem qualquer benefício imediato, gerando injustiça social aos descendentes dos africanos, que sustentaram o Brasil e não são reconhecidos ainda por sua grande força de trabalho.
A liberdade de papel ajudou a criar nova escravidão econômica. Trabalho, capital, menos valia, vergonhas de uma pátria sem-vergonha.
Um dia qualquer um norte-americano inventou o Dia das Mães, aquela trabalhadora que sustenta lares, apenas para gerar vendas, e pegou, com lindas flores num dia para compensar um trabalho que não é reconhecido pelas autoridades, que fazem festinhas para disfarçar o grande caos social.
Mães sem creche, trabalhadores sem salário, escravos que andam sem correntes. Algumas conseguem ter sangue afro, ser mães e trabalhadoras domésticas, sem carteira assinada e direitos trabalhistas reconhecidos.
Mas vá lá. Dia das mães tem macarronada, marido bêbado arrependido, discursos de políticos em todos os municípios. Até os de Brasília arranjam uma mãe de aluguel para receber palavrões no lugar da sua.
Depois de tanta promessa tanta festa, aparece o dia das noivas, que não tenho a menor idéia quando seja. Aí, uma jovem qualquer, ardente de desejos, aceita o pedido de um cidadão, e entra para o mercado de trabalho informal, sem carteira assinada, onde vai fazer sexo todos os dias, cuidar de casas, gerar filhos e assumir a sua condição de escrava da estrutura social.
Pensando bem, o mês de maio não é tão festivo assim.
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