Um dia um pretensioso ser exprimiu tola frase: A imprensa é o quarto poder, capaz de modificar os outros três . Linda paródia da realidade. Heresia da comunicação de massas. Axioma dos ébrios.
Existem muitos poderes, mas o mais importante atualmente, e em quase toda a história da humanidade, é o poder econômico.
Logo abaixo do poder econômico, pela ordem que este quiser, se encontram o Legislativo, Executivo, Judiciário, e para bem servir ao capital, a imprensa.
Instrumento da divulgação de vontades dos outros, mais fortes, estruturados, e que autorizam o seu funcionamento.
Indivíduos poderosos com carteiras de jornalistas e colunas nos filhos de Guttemberg são importantes como os gerentes de banco.
Convivem com o poder, visualizam as grandes fortunas, acompanham os grandes e pequenos atos sociais, e assumem a aura de integrantes de cortes.
Servem, são remunerados, bajulados, reconhecidos e manipulados, mesmo quando querem exercer o falso direito de deidade embutido nos seus códigos secretos de ética.
Mas, como o poder é efêmero, como tantas vezes disse o sábio filósofo Sêneca, um dia o banco manda o gerente embora, o jornalista desagrada aos editores ou aos poderosos de um lugar qualquer, e seu poder, aço, se desintegra perante a amônia contida no xixi dos patrões.
O gerente que antes era doutor se tiver sorte consegue montar o barzinho.
O jornalista se tiver sorte convence o gerente dono do barzinho a vender cerveja fiada.
Os dois poderosos de outrora, descartados pela sociedade capitalista e maniqueísta, se encontram no mesmo barco, onde lembram os tempos em que eram saudados com efusivos abraços, cartões de Natal e aniversário.
A coluna ocupada por um novato qualquer, a mesa do economista por um computador cheio de informações mais completas. A ressaca da verdade. A verdadeira.
O poder é efêmero. O porre também. Às vezes. O por do sol e o nascer da lua se repetem. |