A internet é um vício perigoso. Descobri quando mergulhei em pesquisas durante mais de seis horas. Precisava aprender a lidar com aqueles recursos, e para tanto teria ficado um dia inteiro se não houvessem compromissos.
Após as seis horas meus olhos ficaram esbugalhados, e precisei comer alguma coisa, ficando insatisfeito com a falta de capacidade do corpo em queimar as gorduras.
Mais de um terço da vida se perde apenas em função da questão energética. Desmaiei no final de semana dormindo cinco horas durante a tarde para compensar a jornada estelar.
Enquanto busquei o enriquecimento de vida especuladores internacionais deixaram o Terceiro Mundo mais pobre, venderam drogas e armamentos pelo mundo virtual, milhares de malucos assumiram compromissos financeiros e pessoais, e alguém me mandou um e-mail erótico, provavelmente virótico, que eu não abri para evitar o recebimento de uma doença venérea virtual.
Ora, DST virtual é coisa séria, pode estragar todo o trabalho de um vivente.
Confesso que fiquei curioso. De alguma forma ela entrou na tela e disse que estaria sozinha de noite, esperando por mim, e que gostaria de explicar os detalhes de nosso possível encontro.
Sufocando os instintos animalescos aos quais estava quase rebaixando meu cérebro resisti, mas confesso que aquele monte de letras M amontoadas me fizeram pensar numa mulher de babydol preto, jogada numa cama, fazendo sinal para que eu...trocasse idéias sobre o universo de Einstein e aquele negócio de espaço-tempo, E=M.C ao quadrado.
É, acredito que a sedutora cibernética estivesse a fim de me fazer viajar na velocidade da luz de seus olhos, suas abóbadas verdes, ou castanhas, não sei, alguma coisa que possa ultrapassar os limites dos limitados pensamentos de um escriba com vontade de viajar pelas letras e células de uma fêmea internauta.
Mesmo no momento em que escrevo tento imaginar se ela seria morena, ou loira, confesso que a libido ficou agitada.
Será que ela está lá realmente? Minha imaginação é como a nave Enterprise, e a predadora das estrelas desencadeou uma luta entre Spock e Kirk, que na verdade precisam controlar a nave para obter sucesso na exploração estelar.
Um vírus virtual poderia impedir que eu prosseguisse minha viagem por outros mundos, povos, culturas e contatos com musas confusas, neuróticas e apoplécticas.
Não, definitivamente não é justo ser racional neste mundo virtual, que oferece tentações tão perigosas como as encontradas em qualquer esquina, livraria, feiras e prostíbulos. Aliás, tem tudo isso lá.
A internet permite a apostasia, as apostas e as propostas. Superpostas e opostas. Compostas, compotas e comportas, abertas para o rio da imaginação e das fugas.
Mas...será que a doida virtual ficou esperando?
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