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Cartas-->Entre o geral e o específico -- 23/12/2003 - 02:08 (Thonni Brandão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Olá Margarida!!

Estou aqui em frente ao micro, com uma saudade macro de você. Pois é, o meu trabalho hoje se resumiu a procurar os telefones dos informantes e tentar marcar as entrevistas. Ao menos obtive sucesso satisfatório nessa feita. Amanhã eu faço um "rapa" no setor.

Quanto a nós, vai tudo bem né, apesar da distância e do pouco tempo que a gente se vê. Mas vai valer a pena porque ano que vem você será uma estudante do curso de Ciências Sociais, seja na USP ou na PUC (na ESP e na Fundação eu não simpatizo muito com a idéia), você entrará em contato com pensamentos diversos de pensadores diversos, tanto conservadores quanto revolucionários, e também tem os "isentos", que na verdade pela tentativa de isenção acabam se aproximando dos conservadores. Eu sei que às vezes você pensa que eu sou um isento, isso porque eu gosto de relativizar as coisas, porém, como eu sempre digo, tudo que é relativo é relativo a algo, senão não dá para dizer que é relativo. Se eu falo que devemos relativizar a revolução russa é para que não fiquemos apenas no campo do romantismo e a contextualizemos com as visões de mundo que se tinha na época - isso para não acharmos que as conclusões a que se chegaram na época são universais e válidas em toda e qualquer situação, mas não quer dizer que não devemos ter conclusões.

Ou seja, não é que eu não quero ter posição perante as coisas, mas é que eu creio que é importantíssimo que essa posição seja baseada em uma reflexão densa, radical, profunda. O que eu mais odeio são as pessoas tipo "maria-vai-com-as-outras", que aprendem um discurso de uma escola do pensamento e começam a repeti-lo feito papagaio por aí. Ora, queremos transformar a sociedade, transgredir padrões, com criatividade, com inventividade, com movimento, com mudança, ou queremos a mesmice, o status quo, generalizações, o modo já saturado de encarar o mundo baseado numa falsa obviedade? O mundo é óbvio, preciso, inequívoco, evidente, mero, claro, para você? Para mim não, e entendo que esse tipo de visão simplória, uniformizadora porque não atenta para as particularidades, esgotou-se, não cabe mais para a ciência ou para a filosofia. Esse tipo de pensamento já teve o seu apogeu com o mecanicismo, o positivismo e o determinismo, e agora é hora de quebrar com essa maneira ultrapassada de ver as coisas e encarar a complexidade do mundo de frente; e o primeiro passo é aceitá-la, o segundo é saber que não há isenção e, ironicamente, é preciso tomar decisões, tomar partido, tomar posição, ser político, porém, com o peso da ingenuidade perdida e, conseqüentemente, com o peso da responsabilidade adquirida.

É por isso que eu pareço estar pisando em ovos, porque eu posso com um pisão brusco e impensado quebrar um ovo importantíssimo para uma transformação social. Com uma grosseria, com uma falta de refinamento, com ausência de discernimento, posso ignorar aspectos decisivos. Você já viu a sensibilidade apurada a qual os artistas em geral utilizam em suas obras de arte? Então, a partir de agora, comece a olhar tudo dessa forma, com sensibilidade apurada, com feeling, com a preocupação de uma artista ao conceber uma obra de arte. Talvez você pense que o mundo é grande demais para tanto refinamento, que é melhor um olhar grosseiro que abranja tudo o que há do que um olhar refletido que abranja só o umbigo de quem o emite. Saiba que o limite para esse tipo de olhar está exposto naquela velha frase "O especialista é aquele que sabe cada vez mais sobre cada vez menos", isso porque, a partir desse ponto, você deixou de ser humano e se transformou numa máquina funesta de pesquisa, que não pensa, que não tem sentimentos, que não vive, que apenas executa, e, portanto, sem qualquer liberdade. E isso não é mais artístico, é burocrático, extremamente metódico, pouco inventivo; politicamente servil e remete de volta ao mecanicismo, ao positivismo e ao determinismo.

Em suma, nada de generalizações burras ou de tecnicismos burocráticos, o que importa é o que é artístico.

Agora tenho que sair correndo para a PUC!!

Beijos em todo o seu corpo!

Ah, o Proudhonzinho tá mandando beijos também!!

Thonni
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