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Erotico-->Giullia e o Fantasma - Parte II -- 09/05/2005 - 09:49 (Ricardo Jorge Araújo Sousa Peres) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Balada dos Amigos desaparecidos

Hoje encontrei uma foto
Amarelada...e eu olhava
De dentro dela para mim
Aqui fora...como se soubesse
Que agora estaria observando
E questionando como estaríamos
Eu e meus amigos
E nossas vidas...E nossas horas.

Hoje aflora uma solidão
Embebida em depressão
Porque as horas se desfazem
E seus efeitos colaterais
São cruéis de mais.
E não consigo esquecer
Que amei a todos
E mesmo não estando mortos
Não passam de fantasmas
Passando por mim
Algumas vezes por pensamento


Dias Em Agonia

Dias em agonia,
Só nós deprimidos sabemos
De nossos problemas,
Das horas cinzentas,
Porque somente nós vemos

Esses algozes,
Esses espectros ferozes
Perfeita escada descendente
Para o inferno de Dante

As pessoas passam por nós
“Tudo vai passar”
Eu sei...mas dói
E nenhuma palavra
Me fará curar



Conto Vertical


Tarde da noite, com o espírito intranqüilo, ouvindo o passar das horas no relógio da sala de estar. A escuridão é entrecortada pela luz dos postes que adentram pelas frestas da janela da sala, alguns ratos passeiam pela cozinha despreocupadamente entre as baratas que ali habitam. O ambiente é de insalubridade, paredes manchadas de banha, enegrecidas e teias de aranha compõe o visual, juntamente com panelas velhas e amassadas. A umidade é o que mais se sente, e tem piorado nos dias de chuvas, quando o odor de mofo, junta-se a “aca” de roupa mal enxuta e pendurada pelos varais da área de entrada.
Além dele moram ainda outras duas pessoas na casa, que na realidade não é dele e sim de seu tio. Um velho na casa dos setenta anos, que ainda tem alguma força nas pernas e nos braços, talvez pelos anos em que teve o preparo de um atleta, com costuma lembrar quando fala de seus tempos de árbitro de futebol no Distrito Federal nos anos sessenta. Alguns anos depois retornou à Fortaleza, para ser mestre de obras, como fora seu pai, um paraibano de Souza. Juntos, ajudaram a construir muitos prédios pela cidade de Fortaleza e vangloriava-se de ter ajudado à construir o Excelsior Hotel na Praça do Ferreira, Centro da Capital Cearense. Sr. Ribeiro era um homem que mesclava momentos de calma aparente e de angustia depressiva, nunca se sabia ao certo o que ele sentia, pois sabia muito bem ocultar seu lado mais intimo. Passava a maioria do tempo se ocupando dos afazeres da casa, e com isto não ficava ocioso, o que seria pior e o “mataria” aos poucos, com aconteceu com sua esposa que morrerá há alguns anos atrás, depois que se aposentou.
Ela trabalhara alguns anos como vendedora de balcão na lojinha de um parente importante nos meios social da cidade. E lá ficou por alguns meses quando conseguiu a muito custo uma colocação como servente na Assembléia Legislativa do Estado. O sobe e desce intenso e os horários à cumprir, lhe custara um pouco da saúde. Saía de casa junto com o marido Sr. Ribeiro, às 4:30 da madrugada e seguia de ônibus pela cidade até chegar à Assembléia Legislativa, de onde saia somente às 14:00 hs.
Ao chegar em casa, no Conjunto Ceará um dos bairros considerados distantes na cidade, pouco tempo lhe sobrava e após um antepasto, arrumava-se e seguia para o UV7, onde ralava ainda mais como Servente, limpando salas e banheiros do colégio de estado. Um erro na inscrição lhe prejudicaria para sempre, pois com o segundo grau completo e a formação secundária de secretariado, ela deveria ter sido lotada como secretaria num dos colégios do bairro. Talvez por maldade de alguma dessas servidoras despeitadas e cheias de afilhados políticos, como havia ainda nos anos oitenta, época dessas reminiscências. Todos esses fatores, acumulados além das preocupações infundadas que sentia em relação ao bem estar do marido e do sobrinho, que criara desde a mais tenra idade, haviam sido determinantes na doenças que lhe ceifara a vida...Hipertensão Arterial e finalmente um AVC no ano de 2001.
Lembrando tudo isso como num flash fantasmagórico de sua vida, sentiu-se com o coração apertado e seguiu para a sala de jantar, aproximando-se da janela espiando pelos postigos, a passagem da brisa e das horas.
Tinha um receio em relação àquela rua. Tinha dias em que o silencio sepulcral tomava conta do espaço lhe cortando a espinha como navalha luciferica, noutros dias não conseguia dormir pela gritaria que ecoava tanto na 729 quanto nas ruas adjacentes. Pessoas passavam em grupos, contando histórias ou contando vantagens. As vezes eram tiros, que mais tarde contariam tristes histórias de jovens descasados ou pais de famílias que tombavam por aqui ou por ali.
Tantas vezes ele voltava para casa, vindo de festas ou mesmo do pólo, apavorado, mais com o silencio do que com qualquer barulho que pudesse haver no espaço. Crescera naquele bairro, mesmo a contragosto da mãe que não queria que sempre estivesse por ali, na companhia do tio e da tia.
Uma brisa mais forte bateu pelos postigos resolveu ir para o quarto e tentar dormir, remoendo noutras parte da casa, pequenos fragmentos de sua vida.



Giullia e o Fantasma II-Parte

Uma cadeira Luiz XV, repousava ao sabor dos anos com o estofado em frangalhos e pernas puídas, bem por trás de um birot partido ao meio e descolorido, tombado no átrio principal da sala. Dentre as ruínas da mesa, algumas baratas saiam em desabalado pavor, um odor de dejetos humanos tomava conta do ambiente, causando-lhe náuseas profundas. Olhou para cima e viu que no teto havia um buraco enorme de onde se conseguia ver uma luminária com suportes de bronze e alguns pingentes que pareciam cristais do andar de cima. Como um reflexo ela olhou e percebeu alguns pingentes que havia se desprendidos e caído ao chão sem no entanto ter se partido. Ele apanhou um dos que estavam ao chão e passou a olhar tudo ao redor pelo prisma formado. Agora existiam multiformas, polígonos de diversas cores. Virou-se para todos os lados e finalmente ao colocar o pingente na direção das frestas, viu um vulto de um homem, aproximadamente, 45 anos. Assustada, retirou o pingente da vista e recuou uns dois passos, instintivamente procurando uma saída.
“Não tenha medo”! Ao falar, uma rajada de vento friorento passou por entre as pernas roliças de Giullia, levantando levemente sua saia de colegial.
“Quem é o senhor, por favor...Não me faça mal, eu apenas estava passando, pensei que não houvesse ninguém nesse casarão”.
“Não precisa ter medo, meu nome é Mathias...sou o dono desta casa.” Ao ouvir estas palavras, Giullia, sentiu um arrepio percorrendo seu corpo, pois sabia das velhas histórias que contavam a respeito do velho Mathias...sabia que ele estava morto já há alguns anos.
“Mas pelo que sei você...Você morreu à mais de dez anos.”
O fantasma aproximou-se calmamente de Giullia, então ela pode sentir uma brisa gélida, como as brisa gélidas que quase podemos sentir ao ver uma cena dessa nas telas de cinema.
“Pode até ser que você tenha razão, mas pelo que vemos até aqui, algo nos aproximou...algo como a solidão de todos os momentos débeis...Sei quem você é Giullia, sei que você não se sente bem entre as pessoas ditas “normais”.
“Como sabe quem eu sou?” – Giullia começava a realmente dar sinais de interesse ao invés de tornar-se mais aterrorizada com a presença do Velho Mathias.
Tomada pelo impulso de curiosidade, ela aproximo-se do dito espectro flanante. Nesse momento quase que incontinente, ele também aproximou-se e tomou a mão de Giullia, como se ainda pudesse sentir a pureza daquela pele tão alva e tão delicada. Um misto de calor e zonzeira fez Giullia desmaiar. O velho Mathias ainda tentou segura-la, mas em vão a menina indo ao chão com seu belo corpo de adolecente.
Como iria desperta-la? Ele não sabia como, mesmo que tivesse evoluído um pouco no mundo espiritual, não sabia ainda como realizar tal feito, e assim resolveu ficar de vigília até que a moça despertasse.
Os momentos apartir dali passados pelo velho Mathias, haviam sido de pura contemplação, como se houvessem deixado uma estátua de Vênus, bem ali à sua frente, vestida de uniforme de colegial, saiote plissado azul marinho, com fitilhos prateados. Meias branquinhas, cobrindo seus pés angelicais e um par de seios arfantes por dentro de uma camiseta, branca com o símbolo do colégio de moças que havia na cidade, por cima da camiseta, um casaquinho de lá azul bem cuidado e perfumado de lavanda.

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