O véu do tempo guarda tantas lembranças...
Lembranças santas guardadas no manto:
a infância, uma orquestra, uma sinfonia,
um canto, e a juventude, eterna melodia.
O claro do dia amanhece com a aurora
Mal adormece a criança, a noite vem
Cobre a meninice de outrora com seu véu
E escorre a juventude entre os dedos.
Dias e anos são apenas uma ponte
De versos doces, amargos e avessos...
Fonte de reflexo das águas passadas,
lágrimas enxugadas no manto do tempo.
Para aonde vais com essa pressa medonha
— Afinal, no fim das contas, tudo leva ao mesmo ponto:
Um conto que na imaginação borbulha.
Fagulhas que flutuam,
poesia e fantasias juntas, em harmonia supersônica
Oceano de mágoas, ondas de lágrimas de tudo isso
o mar da vida é feito. Também de alegrias, noites frias,
vida intensa, às vezes, vazia.
E nessas águas navega, atento, o viajante...
Tic...tac...faz o relógio marcando as horas
Segundos, minutos, a vida, enfim
Tic...tac...faz o relógio.Conto as horas
Volto os ponteiros do tempo...
Tic...tac...faz o relógio em mim
Abro as cortinas dos olhos
Olho o horizonte passado
Revejo a cena na memória
Vem a esponja da noite...
Canta a brisa do poente
Um novo sol se levanta
Vem a aurora, novamente...
Enfim, uma réstia de lembrança
Águas de outrora escorrem
Na retina da saudade uma cena
Velhice é apenas mocidade de outrora
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