Usina de Letras
Usina de Letras
144 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62219 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10362)

Erótico (13569)

Frases (50614)

Humor (20031)

Infantil (5431)

Infanto Juvenil (4767)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140800)

Redação (3305)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6189)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->Como As Mulheres Falam! -- 15/09/2006 - 10:42 (Silas Correa Leite) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Mas Como as Mulheres Falam!...



"Na vida não existem diálogos.
O que existem são monólogos
que têm como resposta outros
monólogos(...). A vida é a eter
na procura de um ouvinte...."

(Nelson Rodrigues)


-Minha delicada e gentil esposa, Musa Inspiradora, bonita e serviçal, sempre ativa e dinàmica, parceira e amparo afetivo para toda obra, fala tanto, fala muito, fala demais que, brinco, se a prendessem num freezer, conversava com o pacote do chéster.

-Se a prendessem num guarda-roupa conversava com os cabides.

-É verdade. E como fala. Demais e teatralmente desproposital às vezes. Mas talvez eu mereça mesmo, faça parte do problema, quem sabe.

-Pra contar o bendito causo do aluno paroara, que fez um desenho obsceno no verso da folha da prova de geografia, numa periférica escola pública de latinha do estado (lá...tinha salário!) imagine só, lamentavelmente não contou apenas do momento grave da aula em si; da classe terrivelmente agitada de teens filhos-da-mãe; do problema grave que ninguém do meio educacional escora; do ato curto e grosso em si.

-Muito pelo contrário. É bem improvável.

-Novamente destilou a falácia toda, tintim por tintim, com exagero de detalhes narrados a exaustão, com tantas especificidades desnecessárias e chatas que até cansou minha beleza poética. Haja picuá e jogo de cena.

-Era o quantum do calor do dia; a escola em sua arquitetura chinfrim e do abandono governamental do estado incompetente; o degrau nodoso com lombada rude; a hora que pegou o giz ruim feito ceroto verde-estrume; quantos alunos tinha (todos marrudos e abusados); a cara de repúdio que fez no momento crucial; como o aluno em foco estava vestido pra desocasião; qual segundo exatamente foi o torpe destempero unilateral; como foi a prova - Vamos benzinho (eu a chamo de benzinho na intimidade) - Conte logo o fato, cobro, empacado mas todo trancham - e toma ela lá de novo, se entrincheirando no reduto da dialética sem pé nem cabeça, loquaz e diletante na entoação e gestual-carnegão que, se o ato real em si demorou na verdade quase meia hora que fosse, a narrativa da minha Musa Inspiradora desesperada & impaciente passou disso com delongas de oratórias que me deixou depauperado, perdendo atrevidamente a paciência de amorzinho em pandareco - Ela me chama de amorzinho quando quer colo-colóquio (monólogo)) - e foi por aí a falácia, o desboque de tempo perdido, os reclamos, o fuzuê, como num jogo do bem contra ao mal, de prós e contras tudo em si mesma, nesse eixo.

-Será o impossível?

-Mas como as mulheres falam...Meu Deus.! É verdade!

-Já um amigo meu, algo machista e metido a galã de meia tigela (Alan De...longe depois da maleita), diz que o casamento ideal é maridão surdo e a mulher muda. Pode ser.

-O Criador fez Adão, o verdadeiro Número-Um-Matrix, sem fala, impoluto, perfeito e muito bem acabado, claro, é por aí, mas, ai de nós, ao fazer a bendita (e maravilhosa) mulher, já cansado e maleixo, ponhamos assim - tava perto do sétimo dia e precisava urgentemente de descanso atemporal, coisa e tal - e nesse esparramo de vácuo-enruzilhada cometeu um erro sideral, eterno, apertando onde não devia, onde não era chamado ainda nem para reza ou bença (não havia precisão) e, tocando sem querer a mão direita de Eva (Na mão direita tem uma roseira/Que dá flor a vida inteira) a primeira e única mulher, claro, assim estimulada (defeito num chip energético-temporão?) gritou espalhafatosa e bem criançona ainda, o espinho: FALOU!

-Também pudera.

-Foi, a bem dizer, sem trocadilhos, um deus-nos-acuda pra época e para surpresa desse Deus hiperativo. A primeira palavra no Éden-ninhal foi um vagido de DOR. Erro de fabricação? Sim, porque, se o ser humano só pode fazer o bem ou o mal, é apenas uma laranja mecànica, isto é, tem uma aparência adorável, cor e suco, mas, na realidade é apenas só um brinquedo a ser manipulado, como diria Anthony Burgess.

-Depois, claro, para o diálogo (perto de um serpentário invisível) o supremo Criador teve de reconsertar o chip da fala também no Homo-Adão-Um, para então, assim, lhe proporcionar não só esse sacrificial castigo do dom da fala, mas, para também lhe passar a semente da árvore-mãe e da maçã-genitália proibida para todos os DNAs de todas os animais-espécimes desse planeta terrestre. Deus é dez!

-Começou ai a zona totêmica.

-A mulher semental falou a resposta-mulher: começou aí o inferno nodal?

-E disse Deus: Haja luz. E de presto, pomposo ligou o soquete-continuação-reprodução, nas tripas internas e nas expostas do varão e de sua companheira. E houve luz. E logo a falante mulher disse "Eu te amo" e começou aí a peleja da pajelança do paraíso virando forfé sem radar tantã, ou, vice-versos. Amor e flor.

-E, dando sequência lógica ao solário da gênese, o amor se fez acne, se fez carne, veio a libido pós-hormonal e daí Caim e Abel, a primeira dupla caipira que deveria ser, para sorte nossa, mudinha da silva. Aleluia!

-A mulher, claro, mulherzona, mulherada, mulherio - ai de ti Camila Pitanga - centro de atenções/reflexões/paixões/traições, traumas e, Tróia, Helena - porque todos os grandes erros são histórias das boas e tem fêmea-fatale no rondó das etiquetas & figurinos, evoluiu e saiu a pedir igualdades, queimando sutiãs e pestanas.

-Guerra é guerra, ora, assim como o lingerie revela quase tudo e esconde o principal, a mulher foi no mesmo diapasão circunstancial pra desfrute-preservação da prole: sedutora, aventureira, rainha do lar, isso quando não na Terapia: ter-a-pia-cheia-de-louça.

-Ou, pilotando. Pilotando fogão de cinco bocas. Inclusive a dela.

-Ou reinando, rainha da barriga de nove meses. Cheia de si e palacial-bípede produzindo amor lácteo. Bendita seja!

-Salve-se-quem-puder. Mulher, o nexo causal do sexo frágil? Frágil mas que retumba, reage, refratária que é, poderosa. cheia de esplendor, amiga, companheira, como a minha Musa-Vìtima. Tirei do prumo, ué?

-Mas, convenhamos, esse defeito da natureza de fabricação - que é falar demais - não aconteceu por acaso, talvez. Vá saber a intenção do chefe-dono, o Deus-Diretor Geral, Produtor e Ator Principal dos bastidores e pantominas dos espetáculos da vida. Afinal, dizia William Shakespeeare, o mundo inteiro é um palco e todos os homens e mulheres são apenas atores...

-A fala foi um acidente proposital de Deus em seu bom humor celeste? Pode ser. Adoro-as, podes crer.

-Mas que a Mulher fala mais do que a boca, isso é universal, sem tirar nem pór.

-E, com licencinha que a minha patroa tá me chamando atrevidona da silva. Pra você ver, né não? A esposa musa-vítima.

-Comigo ela fala ali, na bucha, de joelhos:

-Cá entre nós e a Gaviões da Fiel, eu estou embaixo da cama escondido das vassouradas dela a exigir bem quizilenta que eu limpe o casario.

Deus não desenvolveu software para o silêncio dos eternos casais de namorados.
-0-
(Texto da Série, Álbum de Família, Desgraça Pouca é Bobagem)

Silas Corrêa Leite - E-mail:
poesilas@terra.com.br
www.itarare.com.br/silas.htm
Autor do e-book O RINOCERONTE DE CLARICE no site
www.hotbook.com.br/int01scl.htm




Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui