No cais do porto,
A aragem da matina brandamente sopra,
E o navio para zarpar espera,
Já com os motores roncando,
O embarque dos que vão partir.
Pessoas em grupo pelo cais
Abraçam-se, despedem,
Choram, alguns dizem adeus
Outros dizem apenas até breve.
Entre tantos, uma mãe leva o filho
Para embarque, à procura de trabalho
Em outras paragens, outras terras.
De preto, em modesto vestido longo,
Como de luto estivesse,
Pois no coração certamente sabia
Que jamais veria de novo aquele filho.
Era como morresse em vida
Aquele querido e tão amado ser.
Abraçados a mãe verte lágrimas de sangue
O coração estraçalhado, aos pedaços,
Nesta manhã dura e triste,
Numa cena viva carregada de dor e sofrimento.
Ele dizia: eu volto;
O coração da mãe murmurava: nunca mais.
O navio zarpa.
As pessoas deixam o cais.
Aquela pobre mãe, porém, se recusa a sair,
De pé e depois agachada verte torrente de lágrimas
E acena com a desencarnada mão
Até que a nau desapareça no horizonte.
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