É impossível não observar o quanto a evolução tecnológica, culminada hoje com o advento da Internet, tem modificado muitas das práticas socias. A informação, através dos meios de comunicação em massa, cada vez mas rápidos e simultâneos aos fatos, pode fazer com que modismos e opiniões se proliferem ou transformem-se em questão de segundos.
Essa necessidade de rapidez na divulgação de informações é perfeitamente justificável quanto óbvia, tendo em vista os diversos assuntos críticos de nossos tempos conturbados. Contudo, a esmagadora maioria das emissoras de TV e radiodifusão se negam a prestar seus serviços a essa finalidade principal da mídia, que seria informar.
Na briga pela conquista do maior número de audiência entre as grandes redes, vale tudo para seduzir telespectadores e ouvintes. Em consequência disso, inevitavelmente, a qualidade do teor transmitido é absurdamente posta a segundo plano, aflingindo inclusive os códigos de conduta para o conteúdo exibido. Basta que o aparelho de TV, por exemplo, esteja ligado durante a tarde - período o qual crianças e adolescentes estão mais expostos a programação exibida - para que se perceba o show de baixarias e promiscuidade.
Já não bastasse a exibição de filmes com excessivas e desnecessárias cenas de libertinagem e consumo desenfreado de drogas entre adolescentes como padrões de comportamento, as telenovelas vem repetindo tudo isso e um pouco mais, em doses diárias e gratuitas de desrespeito e imoralidade.
As personagens inseridas nos enredos vazios e clichês destas tramas, por sua vez, formam uma vasta galeria de tipos violentos, adúlteros, viciados e disseminadores de não-valores dos mais variados. Personagens que não se constrangem em trair, pois só mostram-se interessados nas vantagens materiais que o relacionamento extra-conjugal lhes proporciona.
O perigo surge justamente nestes modelos de personalidades propostos às novas gerações, que passam a definir as personagens como ideais de comportamento.
Na iniciativa de alguns órgãos em reprimir estas manifestações de baixíssimo nível, as emissoras se defendem com argumentos cínicos de que, com a censura, a liberdade de imprenssa e de criação artística estariam sendo atingidos. Mas será que proteger a moral, com base em preceitos éticos e culturais, pode ser considerado censura?
Enquanto telespectadores brasileiros são obrigados a assistir aos programas da TV imoral, países europeus estabelecem códigos de conduta para o conteúdo exibido, com base e amparo legal.
À nós, resta aceitar e assistirmos calados a estas sessões de pornografia, violência e vulgaridade, constrangidos com a presença de nossos filhos ao lado na poltrona, aplaudindo os vícios e mazelas de uma sociedade que se afirma em sua própria decadência.
Fábio Cezar
fabioscezar@yahoo.com.br
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Fábio dos Santos Cezar é professor, músico e poeta, vivendo atualmente na cidade do Rio de Janeiro.