Éramos todos gays,
Fregueses de toda forma de amor.
Na feira ou no cinema,
O homem de pernas abertas
Forja seu mundo sem princípio,
A partir de um novo começo de Hera.
Na novela da vida,
Cada capítulo se encerra na noite,
No véu do açoite,
Na ira dos senhores puritanos
Dos panos quentes.
Éramos todos gays,
No lençol que se acendem corpos pulsantes.
E como antes,
Todos os Bandeirantes tiram de si
Para aqueles que vem depois,
E sobrepõe os amantes
Nas telas viva de Picasso,
Na poesia dupla de Pessoa,
Na piada pronta do Macaco Simão.
Éramos todos gays,
Homens de toda parte,
Grandes, pequenos, estrangeiros...
Metade de todo bem.
E por aí a fora,
Todos os dias floram
Novas provas de que o desdém do mundo
Não terá vida longa.
Somos todos gays!
Éramos todos gays
Por Jorge Araújo
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