O Melhor Passatempo
Do confronto com as situações que se nos apresentam a todo instante resultam os mais diferentes estados de ànimo. Viver é travar relação com o inesperado. Saber viver, esperando o melhor, implica em ser um otimista. Antes assim do que ser um joguete das circunstàncias. Penso que o destino não precisa e nem deve representar para nós uma incerteza. A determinação e a vontade, permeando cada ato do nosso presente, é a garantia de um futuro melhor e de um destino promissor. Começo desta forma, a fim de chegar onde tenciono, dando clara exposição aos meus pensamentos.
A prática do laser nos dias atuais está longe de ser a ideal no que diz respeito à reposição de energia e ao retorno do bem estar. Estão confundindo descanso com excitação dos sentidos, laser com picos de adrenalina. Quando se descansa de verdade, sente-se isso em cada célula do corpo. Trocar o conforto de uma poltrona, de frente para a televisão, no gozo de uma ou duas horas de programação leve e salutar por um lauto churrasco regado a cervejas e conversas de que pouco proveito se tira, é, no mínimo, demonstração de falta de inteligência. Usufruir leituras que refazem a alma da rotina por vezes monótona e estressante, cultivar um jardim, exercer uma atividade paralela à habitual, que não esteja vinculada ao sustento material, caminhar, sem um outro objetivo que não o de renovar a mente e o corpo, enfim, querer obter mais com menos, deveria ser a meta de todos nós.
Infelizmente, não é assim que agimos. O tempo urge. A preocupação com o amanhã afasta a disposição de fazer o que deve ser feito agora. Aquele livro que tanto me atrai vai ter de permanecer fechado lá na estante por mais esta semana. O que irão pensar de mim se faltar a este almoço de noivado? É o filho do meu melhor amigo. Está esperando pelo meu abraço de confraternização e desejos de felicidades. E, lá vamos nós. Tiramos da garagem o automóvel e coroamos a semana com mais esta atividade. Segunda-feira, bem cedo, estaremos lá novamente, em nosso posto, prontos para mais uma jornada de cobranças e avaliações. Num fim de semana, a festinha, no outro, a praia, seguida do churrasco. À noite, quem sabe, daremos uma passada pela igreja, porque ninguém é de ferro. Afinal, são tantos os nossos pecados! Reconhecemos no íntimo que algo não anda bem. Quem sabe, uma academia à noitinha após o expediente... mas, antes, um check up completo no meu cardiologista. Será que meu coração aguenta fazer exercícios?
Assim, levamos a vida. Seguimos a moda que nos é imposta pela sagacidade da mídia falada e também da escrita. A fim de escaparmos de tal avassalante chusma, precisamos, antes de tudo, de auto domínio. Sendo donos do nosso nariz mandaremos à s favas as convenções. Sendo parte de um todo, meus atos e decisões, reconheço, influenciam o desempenho da máquina. Mas, poxa! Tenho direito a minha felicidade e, percebo que tenho acesso a ela na medida em que faço o que gosto da forma que acho melhor para mim. O fato de o meu vizinho reunir os a familiares num domingo de sol e carregá-los para a praia parece bastante natural do ponto de vista do laser e da distração. Enquanto as mulheres se queimam um pouquinho, o que para elas representa de duas a quatro horas de bronzeamento, ele se distrai olhando a moda e bebericando alguns chopinhos; não mais do que cinco ou seis. Depois, um almoço na churrascaria. Carne é o que não vai faltar para distrair o estómago.
Também adoro uma praia e um saudável banho de sol, por que não? Só que a diferença está na dosagem, na frequência e não menos na sobriedade. Sair com a família torna-se também primordial, muito mais nesses dias de agitação em que viver cansado e sem ànimo parece lugar comum. A empresa da mulher é o seu lar e, como nós, os homens, gozamos o nosso fim de semana, igualmente elas necessitam, sem dúvida, do bem estar que proporciona uma mudança de ambiente. Porém, que seja para refazer o que foi gasto em preocupações e esgotamento e não para acrescentar tensão num organismo já repleto de sensações. Por falar nisto, que tal relaxar um pouquinho?
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