165 usuários online |
| |
|
Cordel-->Prestação de contas -- 05/04/2002 - 00:43 (J osé Ferreira (Zéferro)) |
|
|
| |
Prestação de contas
04/04/2002
Chegou meu dia afinal
De prestar contas, Senhor
De todo bem e do mal
De todo ódio, amor
Estou aqui a Teus pés
Implorando teu perdão
Confiando que Tu és
Todo Bom de coração
Sou teu filho desgraçado
Que condenaste a sofrer
O amar sem ser amado
O só dar sem receber
Só vivi pra implorar
Um momento de ternura
E o eterno mendigar
Só me trouxe amargura
Fui amargo desde o dia
Que conheci o amor
Pobre de mim não sabia
Amar trazia só dor
Foi cruel a minha sina
O que fiz pra merecer
Esta dor que me alucina
Só vivi para sofrer
Se eu pequei por inveja
Se cometi crueldade
Se em pecados viceja
Minh’alma sem piedade
For por querer para mim
O que vi sobrar além
Vi no bom, vi no ruim
Mas não possuí também
A alegria bastante
Alguém para me amar
Pra quem eu fosse importante
Que quisesse ser meu par
Que me fizesse sentir
Ter para ela valor
Ó como dói só pedir
E jamais ter o amor
Não queria compaixão
Nem tampouco labutar
Nada além da ilusão
De comigo s’importar
De que fazia questão
De conservar meu amor
Tirar do meu coração
Tanta tristeza e dor
E em mim toda luxúria
Enegrecendo o meu ser
Era sinal desta fúria
De somente padecer
As vezes em qu’ eu queria
Possuir pelo amor
Mas somente recebia
Uma entrega sem calor
Como pode um sentimento
De homem apaixonado
Encontrar o esquecimento
De ter sido desprezado
De ter visto a indiferença
Nos olhos que tanto amava
De sentir que sua crença
Na vida assim terminava
Lamentando ter nascido
Sem futuro nem passado
Chorando por ter vivido
Para ser um condenado
Chegando no fim da vida
Sem ter nada pra cantar
Só vendo na despedida
O fim deste lamentar
E ver a glória da posse
Rebaixada ao desejo
Lamentando que ela fosse
Nada mais que um despejo
Ah como eu queria ter
Um momento de ternura
Sentindo a alma doer
Na comunhão bela e pura
De dois corpos que se fundem
De duas almas iguais
No momento em que se unem
E não se apartam jamais
JF
Zéferro
Marques
|
|