COLUNA VASQUES Marciano Vasques
Crônica 142
ALVINHA E A PUREZA
-Achei estranho o papo da criatura no jardim...
-Por que, Alva?
-Ela não tem nome nem forma...
-Espere um pouco, ela tem forma, mas só a assume diante de um coração puro.
-Outra coisa, por que o adulto não pode também ser puro?
-Sabe Alvinha, perder a pureza é uma forma de se tornar adulto...
-Então só a criança é pura?
-Sim, a pureza é um privilégio da criança.Quando ela perde a pureza é porque ocorre uma invasão grotesca na sua infância, no seu universo...
-Invasão?
-Sim, o adulto, a sociedade...
-Isso é grave.
-É um crime, Alvinha.
-Mas ser puro não é ser boboca?
-Claro que não, ser puro é ter o olhar da criança.É uma coisa bela.
-Mas eu sou teimosa e vou encontrar um adulto com o coração puro, mesmo porque há vários graus na pureza. No dia 18 de abril se comemora o nascimento de um homem que tinha uma espécie de pureza no coração.Tenho certeza de que no seu sítio a criatura do jardim assumiria a sua forma plena.
-Alvinha, você às vezes me surpreende!
****
|