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Artigos-->Amizade: faca de dois gumes -- 27/01/2003 - 20:37 (Fernando Antônio da Silva Júnior) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Amigos. Queremos, precisamos. Instintivamente buscamos pessoas semelhantes a nós mesmos, pois é aos humanos fundamental nos cercarmos de indivíduos que espelhem nossos valores, gostos, atividades, aspirações. Precisamos de aprovação de pares para seguir com nossas vidas, do contrário nossos próprios valores perdem a razão de ser e tendem a nos parecem alienígenas.



Talvez essa necessidade de aprovação seja ainda mais importante que a busca de verdadeira troca afetiva e social - a justificativa usual para nossos relacionamentos interpessoais.



Não se discute a essencialidade da amizade, seja ela de caráter superficial ou não. Contudo, dificilmente paramos para refletir até que ponto nosso círculo de relacionamentos é verdadeira fonte de apoio e fortalecimento ou mero instrumento alimentador de vaidade e resignação - um entrave ao nem sempre agradável porém vital processo de evolução e auto-desenvolvimento.



Este raciocínio sem dúvida não é novo, mas sua validade persiste pois, em plena "era da informação" e da "espiritualidade", relutamos em assimilar esta visão.



Fundamental explanar que este texto não objetiva reaquecer visões maniqueístas do tipo "evitar más companhias", "buscar pessoas de bem". Valores morais são conceitos bastante individuais e um mesmo comportamento de um indivíduo pode ter tanto influência negativa quanto positiva em outro. O que é uma pessoa "de bem"? E "mau comportamento"? Cabe a nós mesmos determinar.



As reflexões mais importantes não dizem respeito a ficar avaliando e rotulando quem conhecemos, e sim colocarmo-nos questões muito mais profundas e desafiadoras de responder: existe em meu círculo apoio verdadeiro ou simples acomodação? Onde termina o "espelho" de valores e atitudes de que tanto necessitamos e onde começa o narcisismo exacerbado? Há espaço para a crítica construtiva? Existe celebração verdadeira de vitórias individuais? Há investimento de tempo e dinheiro em atividades construtivas? Reflexões complexas as quais parecemos viver para evitar.



A crença de que tendemos a escolher e atrair, instintiva ou espiritualmente - dependendo da crença - pessoas semelhantes a nós mesmos pode ser uma contra-argumentação a esta "postura reflexiva" nos relacionamentos.



Contudo, a "atração natural" pode - e, em teoria, deve - ser complementada pela postura ativa e reflexiva. Aliás, somente reflexão pode nos impedir de cair na tão comum armadilha do círculo vicioso da acomodação e do narcisismo - grandes sabotadores do anseio por auto-desenvolvimento.



Seria esta uma visão excessivamente pragmática da amizade? Alguns podem criticar essa proposta por deixar um pouco de lado a química e a organicidade do processo de criação e manutenção de relações humanas. Seria excessivamente pragmática ou desumanizante?



Nada disso. Trata-se de uma análise superficial da idéia. Idealmente, a química, a ludicidade e a espontaneidade devem preceder a análise, não o contrário. Ademais, o "buscar o melhor" não exclui o sentimento, o afeto. Pelo contrário, procura, sim, sentimento e afeto de melhor qualidade.



Não confundir com a fria escolha de pessoas "mais bonitas", "de mais sucesso pessoal ou profissional", "mais bem-sucedidas", da inclusão de "vencedores" e exclusão de "perdedores".



Finalmente, como ficam a alienação e o descompromisso, fatores essenciais para nossa saúde mental e motivo da escolha de muitas companhias? Sim, há lugar para eles, com o mero cuidado de não nos entregarmos, esquecendo-nos, novamente, da necessidade de qualidade nas relações.



Portanto, como todo ato de melhoria de qualidade de vida, a busca de círculos virtuosos de relacionamento demanda, sim, empenho, deliberação e racionalização. Afinal, como fazer uma omelete sem quebrar ovos?



Fernando Silva

27.01.03
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