Usina de Letras
Usina de Letras
169 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62236 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22537)

Discursos (3239)

Ensaios - (10367)

Erótico (13570)

Frases (50631)

Humor (20031)

Infantil (5434)

Infanto Juvenil (4768)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140806)

Redação (3307)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6191)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->Lentes do tempo -- 13/10/2006 - 19:18 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Um leve sopro de brisa lançou a folha sobre papéis espalhados pela calçada decorada da rua XV de Novembro. Um catador de papéis viu o movimento e pensou no dinheiro que conseguiria juntando os restos de celulose.
Uma menina viu os papéis e achou-os nojentos. Eram velhos cartazes de revistas, rasgados. A folha era de um ipê amarelo no outono curitibano.
Uma fotógrafa passava pela rua cumprindo a rotina dos passeios matinais e resolveu aprisionar nas lentes a imagem dos papéis, da brisa, do catador e do momento, um lance lúcido para estimular seu foco criativo.
Logo em seguida se dirigiu a um terminal de ónibus para apanhar a condução que a levaria ao asilo, depósito de corpos e almas, formas que o tempo e as necessidades do grande grupo social escolheram para recolher e esconder.
No caminho alegres estudantes passaram. Passaram também por suas lentes um cobrador com poucos dentes, uma mulher de cabelo vermelho e vermelhos homens de alguma aldeia indígena do interior do Paraná, provavelmente de Reserva ou Mangueirinha.
As lentes foram captando raios solares, luzes diversas dos corpos, formas arquitetónicas, casas pequenas e grandes, como as diversas camadas da sociedade. Os clics captaram essências vitais, saborearam flores e odores, valores escondidos dos olhares comuns. Mas Sofia viu tudo. E a Cannon também.
Tinha muitas coisas pra ver ainda naquele dia. Os velhinhos estavam lá, agentes da vida. Sem saber das lentes.
Na entrada do asilo passaram umas crianças pedindo dinheiro. Clic. Um cachorro.Clic.
A entrada da construção tinha uns pilares gregos. A recepcionista era freira. Clic.Clic.Clic.Clic.Clic.Clic. Poucos segundos pra respirar.
Um turbilhão de peles enrugadas desfilou diante de seus olhos e lentes. A grande angular fechou o dia de trabalho na sombra de um pinheiro.
Pinhas empilhadas na grama que circundava a construção continham vidas de araucária. Vidas de paranaenses. Clic.
Um raio de sol anunciou o fim do dia, dos filmes, o descanso das lentes. Sofia sorriu carregando o segredo do tempo.


Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui