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Artigos-->Mesa Redonda de Usineiros - Um conto maldito -- 04/05/2001 - 18:26 (Ayra on) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Mesa Redonda de Usineiros – Um conto maldito



Ambiente soturno. Bar escuro, algumas mulheres vulgares trafegavam buscando otários frequêntadores para lhes pagar bebidas. Eram mulheres extremamente profissionais, sentavam a mesa e adocicadamente diziam “me paga uma cuba”, o garçom servia coca-cola pura e cobrava cinco vezes o valor do drink.



Todos nós havíamos recebido a carta convite:



“Prezado (a) Senhor (a)



Já se cansou de entrar em choques com aqueles que confronta. Porque não sentar e discutir o que se passa, tentar uma coisa muito conhecida na democracia. Uma mesa redonda, olho no olho, veriam exatamente o que são as pessoas que escrevem, porque assim escrevem e porque há tanta discordância.



Horário: 03:30 da madrugada, segunda-feira



Local: Rua das Putas, Núcleo Bandeirante, Snooker 36 – para chegar é só perguntar.



Assino – O leitor”



Não podia negar, o convite realmente chamou minha atenção no tocante da curiosidade. Uma curiosidade aventureira que me levou a me dar mal várias vezes, mas não há covardia – eu sou um fuzil mirando na cabeça do presidente – não há covardia – hora de atirar, você vai levar a culpa? – não há covardia – O som metálico do clic e, ao mesmo tempo o surdo som de melância ou melão se partindo no chão – não há covardia, eu vou.



Cheguei cedo ao Snooker, não conhecia o lugar e nem as pessoas que ali iriam se encontrar. Senti o cheiro de despudor do lugar, uma das meninas do Snooker, soube seu nome logo depois, Madalena – como a Maria perdoada de um livro sagrado – Madalena era uma mulher aparentemente jovem, mas seu rosto parecia envelhecido. Esta Madalena chegou até mim:

- O que você procura, parece procurar alguém?

- Bem, não sei bem ao certo. Encontro as escuras eu acho.

- Sim! Me avisaram que vinha...

- Quem?

- Pediram para não dizer, mas a mesa é aquela ali.

Sentei-me na mesa de número 27, números nada tranqüilos esses que terminam em sete. Sete pecados capitais, sete artes, sete fases na vida...

Logo percebi que Madalena, a de fartos seios, falava com outro que lhe pareceu estranho e observador. Um sujeito alto e com ar de sério. Se dirigiu até a mesa em que eu aguardava. Madalena foi quem nos apresentou.

- Este é Shwartz.

- Olá! Então este é um encontro de Usineiros? – tentei brincar, mas rapidamente fiquei sem jeito.

- Também não sabia do que se tratava.

Era uma pessoa muito formal, aparentando 25 anos, mas com a seriedade e a maturidade que parecia tentar deixar bem clara.

- Nosso amigo democrático! – exclamei novamente outra brincadeira para tentar quebrar o clima estranho que havia se formado. Inoportuno, por demais inoportuno.

- É! – sorriu monalisicamente de lado. – Andam brigando por demais lá no usina de letras. As brigas são inúteis e, pra falar a verdade, está empobrecendo o que poderia ser uma saída boa para escritores e leitores. Democraticamente.

- Bem, se vamos falar de democracia teremos de falar de regras.

- Ora regras?! Pra que as regras?

- Onde já se viu funcionar uma democracia sem regras? Assim vale a lei do “eu sou o rei do que faço”, entram e matam a mãe, estupram a irmã... – Meu pensamento é cruelmente paralisado com a presença de nossa anfitriã. O próximo personagem chegou falando o que achava.

- Regras! Regras! Não era você que reclamava de uns ou outros que tentavam cagar regras nas nossas cabeças? Prazer, eu sou Adolf Hitler.

- Eu sou Shwartz!

- Está parecendo aqueles encontros de bares de chats do UOL... Lembrou-me Bruno Freitas. Ele andou bravo porque eu o citei em textos. Bem... é por isso que gosto de livros, eu os cito e não leio suas replicas ao que escrevi.

- Afinal Adolf Hitler, o que diabos você deseja no usina? – perguntou duro Shwartz. Duro mas sereno, sem titubiar.

- Escrever hora. O Füh...

- Opa! Sem essa de Führer... para um pseudônimo eu até levava pé o que você falava. Digo que leio o que escreve, como leio muita gente e muita coisa do usina, mas estou aquém da sua propaganda. Vamos falar sério.

- E o que diabos é falar sério? Falar sobre regras...

- Estão sendo necessárias.

- Eu discordo também Ayra. A democracia não necessita de regras?

- Bem... eu irei me defender, isso está parecendo mesa redonda. Para se manter a democracia são necessárias leis para nortear os “crimes”.

- HÁ!HÁ!HÁ! – riso congelante de Adolf Hitler – Me prenda! Eu assassinei milhões de gramáticas, me prenda!

- Espere, eu não terminei. O problema é o seguinte. Estamos trabalhando com vários tipos de pessoas diferentes, estilos diferentes, pensamentos antagônicos. Confesso que me exaltei ao gritar pela separação, pensei melhor, não é bem isso. Shwartz me abriu os olhos... trabalhamos numa democracia textual. Demo, povo... Cratia, governo. È necessário ou algo que norteie ou algum mecanismo que exclua, um tipo de sanção.

Shwartz já tomava uma bebida esverdeada de cheiro agridoce. Bateu seu minúsculo copo na mesa.

- Creio que está sugerindo um censor. Do tipo que reprime? Ditadura? Você que gritava a esquerda apresenta um discurso direitista a nossa frente. Um sensor iria arruinar a liberdade de escrita do usina. Um sensor faria do usina de letras um site como outro qualquer. E os escritores não iam passar a escrever como os sensores querem.

- Mas já não o fazem? – “Não o fazem?” será que esse Adolf Hitler é mas do que se pensa?

- Como assim? – Já enflamado pelo absinto que bebia, pergunta Shwartz.

- Bem... muitos escrevem somente para ter um número bom em seus textos.

Eu concordei com o que disse, mas sempre melhor se calar.

- Outros fazem até propaganda nos recados... de primeira eu odiei quando vi que se utilizava os recados para isso, ou até pra deixar mensagens pros amigos dizendo “Feliz páscoa”. Mas depois vi que era esse o caminho. Divulgar para ser lido.

- Visão mercantilista essa sua, típica de megalômanos.

- Eu sou.

- Não... Eu sou! – este não era esperado, aqui no bandeirante, aqui no Brasil...

- E quem é? – Rápido Shwartz arremata esta pergunta.

- Denison... só pode ser o Denison.

- Ora! Ora! O senhor crítico literário, amante da terra dos outros e grande sabe tudo. – pena existir a impetuosidade, eu estava indo bem até então. As armas! - grita Atena – As armas!

- Você deve ser Ayra... senti pelo ódio mortal a “terra dos outros”.

Vontade de levantar da mesa e mostrar o quanto o Brasil é bom de briga, mas Adolf Hitler agiu como emissário da paz – poeticamente doentio isso que disse....

- Isso mesmo. Vocês devem ser os Senhores do Usina, e a senhora... todos foram convidados? Os sei lá quantos mil autores ou só nos?

- Arrisco, você é Bruno Freitas.

- Sim.

- Agora eu estou em desvantagem. Não vim aqui para apanhar... prefiro ir...

- Não, sente-se. – pediu Denison. Vamos conversar.

Dilema maldito. Dilema maldito. Dizer verdades... as armas!... Deixa-lo falar, destruir... Apanhar com toda certeza, mas enfrentar... ou simplesmente sair e me calar, pra que o silêncio faça um barulho infernal.

- Ok! – As armas.



Continu(em) (a)

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