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Artigos-->libertura -- 29/01/2003 - 02:12 (marcos fábio belo matos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
LIBERTURA – A CHAVE DA INDEPENDÊNCIA



Marcos Fábio Belo Matos – jornalista e professor



Bendito aquele que semeia/ livros,

livros à mão cheia/

e manda o povo pensar

(Castro Alves)



Um país se faz como homens e livros

(Monteiro Lobato)



No final do ano passado, fui a uma cerimônia de formatura de educação infantil. Eram alunos na faixa dos seis, sete anos, que acabavam de aprender a ler e a escrever e, portanto, preparavam-se para o ensino fundamental. Entre as muitas atividades que essas cerimônias têm, me chamou a atenção uma em particular: os alunos estavam, também naquela noite, autografando um livro de histórias, feitas por eles em sala de aula com o auxílio das professoras. Foi um mimo ver aquela meninada toda feliz pondo a sua assinatura nos livros. Dias antes, tinha assistido (creio que foi no Globo Repórter) ao caso de um pedreiro de São Paulo que começou a juntar livros e acabou por transformar a sua casa em biblioteca comunitária do bairro suburbano em que morava. Uma casa simplíssima cheia de livros velhos, manuseados por crianças pobres foi uma das imagens mais marcantes do final de 2002; poderia ter figurado nas retrospectivas televisivas para torna-las mais brilhantes...

Fiquei um bom tempo pensando nesses dois casos de relação com a leitura. Paradoxais, por certo, mas com igual importância. Tanto naquela escola (de classe média, que educa crianças que, via de regra, vêm de um ambiente em que não faltam nem iogurtes nem carne de 1a nem revistas ou livros, mesmo que sejam os manuais de medicina, direito ou engenharia) quanto naquela casa humilde do pedreiro, a intenção ou a ação consecutiva da leitura parece ser a mesma: o trabalho em prol da liberdade do homem (“o menino é pai do homem”) por meio do universo informacional, conceitual, funcional e ficcional da leitura.

Pensei, então, em cunhar uma palavra que resumisse juntando os dois termos-chave. Liberdade e leitura deu LIBERTURA. Penso que, praticando a leitura, o ser humano vai construindo sua liberdade rumo a um processo de independência. Senão vejamos: a leitura é uma prática que se ensina, como andar de bicicleta, e que, uma vez ensinada, jamais será esquecida, desde que exercitada. E é pela leitura que o homem vai se forjando como homem. Por ela que conhece o mundo, o sobrenatural, a fantasia, a realidade. Por ela que aprende o que deve ser (e também o que não deve ser). Por ela que estabelece suas primeiras relações com Deus (ou qualquer outro nome que lhe dêem). Por ela que se educa para conviver em sociedade. Por ela que entra, via entretenimento, no mundo dos sonhos, das fantasias, das aventuras. Por ela que amadurece, levando consigo todo o seu arcabouço de conceitos que fazem de si um homem, adulto e pensante. Se um homem maduro rever sua vida, verá que quase tudo que sabe lhe entrou pelos olhos, via leitura.

E é essa prática de leitura que trará, penso, a independência deste mesmo homem. E concebo aqui esta palavra com a maior amplitude semântica e funcional que ela pode abarcar. Por exemplo: independência de poder conhecer o mundo por si mesmo; independência de travar contato com conceitos e optar ou não por eles; independência financeira (está mais do que provado que quanto maior o nível de informação – entenda-se leitura – maior a chance de empregabilidade e de receber maior salário); independência de fruição estética (poder conhecer e escolher as tendências estéticas que lhe aprouver e deleitar-se com elas); independência para se expressar (a relação leitura-expressão é diretamente proporcional; afinal, todo mundo que sabe falar/escrever é porque, um dia (ou vários dias) soube ler.

Quem aposta suas fichas na leitura não aposta em vão. Quem perde seu tempo com a leitura ganha a possibilidade de ser um alguém melhor no mundo. Como aqueles meninos e meninas que vi na formatura autografando seus livros, cercados por pais orgulhosos, certamente serão. Como aqueles meninos e meninas que vi na matéria, manuseando livros usados mas novos para eles, se persistirem, também o serão.

“O homem é os livros que ele lê” (Sartre)

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