Ahora
Enfiado entre os silêncios do meu quarto
jazem os sons do passado e do presente
num tecido de cenário do agora
para formar minha cápsula
devastadora
o futuro é imagem, projeção aberta
possibilidade e arame farpado
porque tem alma de armadilha.
Desenho luzes e as deixo tênues
na tentativa de injetar em mim
o sentido de ser cautelosa
como uma aranha.
E então oriento-me: o amanhã não existe.
E de nada adianta antecipá-lo
porque nada há.
Mas neste ponto da reta
em que habito
existe o instante com seu arco íris
provocando o sonho,
que impaciente cria-te : amanhã.
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