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Contos-->Esquentação no Seridó -- 05/07/2011 - 16:05 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Serve logo essa cachaça! Não tenho pressa pra nada além de lavar minha goela suja.  Nunca achei que esta catuta do inferno findasse sede, mas arrasto a vida pra provar que eu tô errado. Bota logo essa dose, galado! Vai fazer doce, é? Aí! Agora gostei. Desce lá um torresmo inteiro pra salgar a boca. O Valcir é que morre pelo torresmo. Então traz logo dois pra fazer elegia ao presepento.

Tô nervoso, não, homem. Só não engulo umas miudezas. Coisa do peito e da cachola, num sabe? Senta aí, homem. É o tempo da poeira amansar e você virar essa latinha aí. Não tomo cerveja, nem. Gosto é da que desce ardendo. A Miza sempre tinha me dito que a vida dela era só pra mim.  Agora nem fica mais em casa. Não é caso de cornice, nem.  Não sou homem de me abalar. Mulher minha fica vidrada, não quer saber de outro nem que seja com lastro de ouro.  A Miza era meu tesouro. Roubei a menina da casa do pai quando ela tinha só uns catorze. Era mulher feita. Olhos pretos do negrume do carvão que em brasa era a cor da boca. Gostava daquele pinica. Traz mais uma, galado. Já deixa essa garrafa aqui na mesa. Moço não toma um gole pra selar a amizade? Acha forte? Vareite! A Miza também acha.

O Valcir era um cabra da gota, parceiro de rolo e revés. Vivia em casa, dupla de carteado, meiando garrafa de café. Nunca deu banda pra Miza. No lero, eles se davam que era que nem irmão. E só. Se não tinha ânimo de truco, naquelas tardes de bode, pegavam numa conversa de miolo de pão, num sabe?  Ela mais ouvia que falava: coruja. De tudo desfilava na resenha deles. Coisa que eu nunca nem sabia ou sei encaixar na prateleira da minha cabeça. Nem. Torresmo que tá na demora, galado? Vai matar o bicho ainda? Ah, bom! Agora fico feliz por minuto e meio. Aceita um teco, homem? Tá evitando? Mai!

Deu que, da falação, a Miza e o Valcir foram reto para a coisa do anotar no papel letra e riscado sem ter fim. Ele falava e escrevinhava. Ela só na reprodução mais fiel que podia, mão que tremia no começo. Mês e pouco mais, era a Miza rabiscando o palavrório todo feito com decisão de sobriedade.  Rapaz, pinga um limãozinho aqui no toicinho, fio?

E é isso que eu não dou de entender, homem. O Valcir bandeou de vez pra Caicó e a Miza vai todo dia em lombo de mula ou na barca do Seridó pra tomar as anotações com ele. Agora diz que vai num tal de subletivo. Não é coisa de cornice, não. Mas eu tô mordido com o Valcir. Faz tempão que nem vem modular um gordurame com o parceiro aqui. Tô intrigado! E essa coisa de subletivo vai encher barriga de quem? Sei não. Toma um gole dessa aqui, homem? Não. Eita! Parece até que dá o frinfa com essa coisa, hein? A Miza tá me tirando do juízo. Dá até uma sanha de usar canivete que seja pra acabar com a embromação desse tal de subletivo. Miza do céu! Valcir, meu amigo pelego!

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