Nesta semana remexendo meus armários, encontrei a árvore de Natal. Decidi reunir minha família e montá-la. Assim, colocamos bolas e demais enfeites. Cada objeto trazia lembranças da minha infància. Veio a emoção que eu sentia quando meus pais enfeitavam a árvore, e meus olhos brilhavam tanto que ofuscavam as coloridas bolas natalinas.
Recordei minha casa no centro da cidade, onde morava com meus pais e meus três irmãos. Meu pai era um homem sisudo, entretanto, tornava-se criança na época de Natal.
Tudo era motivo de festa. Seguíamos a tradição, sendo assim, na nossa ceia não faltava o peru, comprado no mercado perto de casa. Eu achava aquela ave muito esquisita, mais logo me acostumava.
Como sempre, na véspera do Natal, minha mãe embriagava o peru (para não dar trabalho) e silenciosamente o matava. Eu sofria um pouco, pois sempre me apegava à estranha ave.
Meia-noite iniciava-se a ceia. Minha mãe preparava um suco de uva adicionando água e um pouco de açúcar ao vinho, e eu tomava com tanto gosto que caía nos cantos da boca, manchando a roupa. Tudo isso era gostoso! Sempre aparecia um vizinho ou outro para dar um colorido especial a nossa noite.
Após a ceia, meu pai preparava um prato e dizia que era para Papai Noel, e que eu tinha que dormir logo para bom velhinho chegar. Tentava não dormir, mas era vencido pelo cansaço.
No dia seguinte acordava cedo e logo procurava o meu presente. Papai-Noel nunca esquecia. Ah! Como eu amava aqueles dias!. Tudo era tão mágico! Corria para a rua, pulava de alegria, mostrava para os amigos meus brinquedos. Como era gostoso acreditar no "bom velhinho"!
Quando descobri que Papai-Noel não existia, senti muito e fiquei um pouco adulto naquele momento.
Hoje, eu entendo a necessidade de se ter fantasias, sonhos e esperança. Ah!"Se eu pudesse voltar ao tempo de criança".
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