Incompreendidos
Parece que fazemos de tudo para que ninguém nos compreenda.
Os bons amigos, de tanto concordarem conosco, não nos fazem
bem nenhum.
Entram na nossa tragicomédia, são atores coadjuvantes.
Bufões, satíricos a rir deles e de nós.
Antes sós.
Atolados num mundo inferno, ruim, antigo .
O sol que raiava sobre o Parténon e a Acrópole.
Estalava em nos ouvidos vozes de Aristóteles e Epícuro.
De Epícuro mais ainda, e assim se ia tecendo um triste
fado, uma sentença: estás condenado.
De tão melado, a letra se apagou.
Só a melodia ganhou pés de vento.
Encheu-se do alento que o vento traz.
Um vento curador, transfigurador.
Não olha para trás, não se detém no perdão.
Abraça aquele irmão leva-o consigo para longe da escuridão.
Esta era a bíblia, o diário de Platão.
O seu legado paira acima de nós, das dores do mundo.
Das dores dos santificados pela vida ,pela cruz que carregaram.
Almas que deixaram para traz a tragicomédia da vida.
Vestiram todo o sofrer com o manto da apresentação que o bispo do Rosário
Tecia quando nos porões da colônia de Juliano Moreira vivia.
Tecia, tecia à distância a vida que a Deus pedia.
Lita Moniz
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