a solidão do meu quarto
é o convento
dos mais sórdidos pensamentos...
...cobiça, desejos, mentiras, falsidades...
os flagelos que me dilaceram
cheios de mágoas e perdas
em meio as minhas
elipses mentais
já não vejo esplendor,
pureza, sinceridade
o mundo é tão imperfeito...
de tudo exala uma alegria
banhada de tristeza,
não é alegria é euforia
sim, ...
os homens são tristes
fraqueza, gritos de ódio,
as delícias da carne, os instintos da espécie,
as aflições meramente humanas
euforia...!
e no fim de tudo
o que restará ?
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o sol me acorda
em sonhos cristalinos
eu e a janela nos confrontamos
num duelo que tem por fim
uma pitangueira
e um ninho de pássaros...
eles são a voz da manhã
pequeninos, puros, sinceros
parecem cochichar algo entre si
que meus ouvidos nao conseguem decifrar,
é uma sinfonia corajosa,
cheia de certeza
e quando tudo parecer
infeliz, doente, descontente
minha vida se liberta no canto
das aves
o que será que elas cochicham ?
será o segredo da felicidade ?
sim...elas são felizes
mas nós homens não concebemos...
o grito de desespero
o sussurro secreto
a voz do mundo corre...
(nem tudo se perdeu)
os passarinhos existem.
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