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Artigos-->Guerra e paz -- 03/02/2003 - 00:23 (Jorge Facury ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
GUERRA E PAZ



“(...) Aqui os novos bárbaros, em hordas, se confragam (...) contemplando da toca verde os muros imperiais dessa metrópole que não ousam derrubar. Aqui estou, 448 metros de altura (...) , daqui posso confortavelmente ver os mísseis que virão do outro lado (...) E QUANDO ESTE EDIFÍCIO RUIR, por estar onde estou, serei certamente-o último a cair...”

Ainda gravadas na memória as impactantes cenas dos mega

-atentados em Nova York, é possível que os versos que acabamos de ler pareçam reflexões atormentadas de algum ébrio, ou o vaticínio de algum profeta que falhou ao prever mísseis quando as armas do ataque foram insuspeitos aviões comerciais. Dize-lo-ía profeta posto que o texto é anterior à construção das hoje desaparecidas torres gêmeas. Mas não se trata de um caso nem de outro. As palavras são da pena de Affonso Romano de Sant’Anna, poeta mineiro, cujo texto publicado em 1966 pela Editora Civilização Brasileira numa revista de mesmo nome, versa sobre o Empire State Building. Desvela-se no mesmo, o encantamento do autor com a magnífica construção (que, diga-se de passagem, também viu-se atingida em 28 de julho de 1945 por uma aeronave, um bombardeiro da Air Force , donde vitimaram-se 14 pessoas...).

Torres colossais, de concreto ou não, são sinais inequívocos de civilização. Seja para o visitante oriundo do espaço exterior, seja para aquele que abandona seu rincão na busca de um mundo novo e “melhor”. Sua engenhosidades, contudo não atestam o peso dos valores espirituais apregoados como alicerces para a fusão da sabedoria milenar e a técnica, um fundamento afinal, exigido pela civilização que se quer presidindo os tempos que correm. Arrisco dizer que os arranha-céus na verdade em nada tocam os céus, mas suas alongadas sombras tornam cada vez mais fria a terra e os homens dentro deles.

Representantes dos destinos humanos sempre gozaram de oportunidades especiais para fazer história, em papéis escritos à caneta de ouro. Da produção de documentos preceptivos faz-se realidade inescapável, quanto mais agudas as crises. Tanto mais inescapável a precariedade de seus cumprimentos, quando não a interpolação ou mesmo ineficácia de suas aplicações aos rumos dos povos. E o vasto campo de tal observação exime-nos da necessidade de exemplos. Diógenes já dizia há milênios: “o mundo envelhece piorando...” destarte que, diante dos momentos de crise mais aguda, as atas nascem, de um parto tão difícil, quando orquestrado, para assegurar os últimos fios a garantir o equilíbrio. Vê-se que o momento que vivemos é fecundo quanto a isto, bastando consultar diariamente os jornais. Notadamente no que se refere à geopolítica do oriente médio. Há um esforço descomunal para se combater o terrorismo e buscar a paz, assim temos lido e ouvido; ecoa em nossos ouvidos tudo o que se produz sobre paz e guerra, não existindo, contudo nem um estado declarado nem outro, mas um certo peristaltismo em que ambos se anulam continuamente fenecendo a esperança do justo e verdadeiro desenvolvimento humano. Onde, afinal, os tantos preceitos basilares historicamente concebidos?

Reportemo-nos, só para focar um instante do tempo, à Ata de Chapultepec, subscrita na Conferencia Interamericana para os problemas de guerra e paz, na Cidade do México onde em 1945 proclamaram-se princípios para as relações internacionais. Anela a histórica carta, entre tantas direções a seguir, “a igualdade de oportunidades (lema deste milênio, segundo já mostrou a propaganda na tv, preparada pelo Conade-Ministério da Justiça) para desfrutar de todos os bens espirituais e materiais que oferece a civilização mediante o exercício de sua atividade, sua indústria e seu engenho...” Passados 56 anos esse desejo será o mesmo, mas, parece que os tempos desdizem as aspirações dos homens...

Da obra de Miguel de Unamuno, a enciclopédia prática Jackson registra que “... o duelo travado entre a razão e a vida não tem termo, porque os rivais formam essa unidade que é o homem, inquieto, contraditório, o homem sempre dividido (...) e sempre unido na irredutível dualidade dos dois inimigos”. Em parte por isso talvez, vivermos adstritos a esses tempos de horrores escancarados, misturando sangue e caramelo, onde de resto a força de Unamuno ainda mais agrava: “não me prediques a paz que lhe tenho medo. A paz é submissão e mentira. Já conheces a minha divisa: antes a verdade que a paz. Quero antes a verdade na guerra que a mentira na paz...”

Hoje, dirigentes de sorrisos largos e espírito de soslaio pisam tapetes orientais pregando a paz enquanto preparam a guerra. E as verdades que fluem pelos tubos noticiosos carregam um caldo de dúvida que, se não morre na mentira, passa por ela. Diz-nos Daniel Hammerly Dupuy em seu livro O MUNDO DO FUTURO que “... os homens têm tratado de implantar a paz pela força”., De sorte que, se assim considerarmos, as graves palavras de Unamuno adquirem translucidez imediata. Até quando esse panorama cru regado à mel e sal grosso deverá resistir retratando o “mal estar geral da civilização”Freudiano?

O desaguar dos acontecimentos pós WTC parecem responder com um absoluto e suicida pessimismo. E quando restarem os últimos fios de equilíbrio propor-se-á resolver o processo dum modo novo, valendo-se de fórmulas passadas. Isto,

Se este não seguir por conta, deixando à própria sorte a civilização inviável que floresceu neste orbe.

Jorge Facury



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